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Índios e fazendeiros prometem resistir em Roraima

Luciana Vasconcelos/ABr - 10 de janeiro de 2004 - 11:05

A ordem em Boa Vista, capital de Roraima, é resistir. Fazendeiros e índios prometem não desistir da luta pelas terras da reserva indígena Raposa Serra do Sol. “Não podemos nos entregar. Estamos em guerra”, disse o fazendeiro Agenor Fátio, que tem plantações de arroz nas terras.

Desde terça-feira, manifestantes, entre eles posseiros, fazendeiros e índios, protestam contra a homologação contínua da reserva Raposa Serra do Sol. Eles querem que a área seja demarcada em forma de ilhas, deixando de fora cidades e fazendas produtivas. De acordo com outro fazendeiro, Paulo César Quartiero, isso representa 10% de uma área de 1,7 milhão de hectares.

A situação no estado é delicada. A reserva foi demarcada em 1998 e desde então espera pela homologação. Vivem na região cerca de 15 mil índios e quase 700 brancos. O ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, esteve no estado no ano passado, visitou tribos e conversou com as lideranças. No final de dezembro, ele anunciou que as terras seriam homologas de forma contínua. A decisão não agradou a muitos, principalmente, os grandes produtores do estado e o próprio governo, que defende a homologação fatiada.

As estradas que dão acesso à capital foram bloqueadas na terça-feira e liberadas ontem. A sede do Incra, que foi invadida, também foi liberada. Três missionários feitos reféns foram soltos. A sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) continua invadida. O maior temor do administrador substituto da Funai, Manuel Tavares, é que os índios a favor da homologação comecem a se manifestar. Por enquanto, eles continuam confiantes no governo federal.

“No momento, estamos tranqüilos e pedimos que o governo federal não volte atrás. Não vamos abrir mão e temos o apoio de várias organizações”, disse o coordenador do Conselho Indigenista de Roraima, Jacir José de Souza Macuxi. Apesar disso, ele afirmou que não vai desistir da luta. “Se tiver índio vivo, vai incomodar”, ressaltou.

Os fazendeiros acreditam que a economia do estado vai ficar abalada se a reserva for homologada como planejado. “Temos dois municípios dentro da área, com grandes áreas produtivas, plantadores de melancia, plantadores de banana. Temos pequenos e grandes produtores. Não é possível que toda essa área tenha que ser destinada à comunidade indígena, porque eles mesmos não querem”, disse Agenor.

Quartiero, por sua vez, acredita que haja um complô para acabar com o estado. “Ongueiros tomaram conta de tudo”, ressaltou. Ele acha que o governo federal deve dar mais apoio ao estado. “Roraima é Roraima, não é Robaima. Não é gafonhoto, não é ongueiro, aqui tem gente. Gente brasileira que está guarnecendo a fronteira deste rincão”, destacou.

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