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Incidência de eclampsia no Brasil é sete vezes maior

Agência Notisa - 31 de março de 2005 - 09:12

Levantamento realizado por alunos da UFMS aponta um caso para cada 281 partos, contra um para cada 2.000 entre os europeus. Taxa brasileira é compatível com a dos demais países sub-desenvolvidos.

Grande número de gestantes tornam-se hipertensas a partir do 4º mês de gravidez. A doença hipertensiva específica da gestação (DHEG), como é chamado esse fenômeno, acomete em geral as futuras mães de primeira viagem e caracteriza-se não só pela elevação da pressão arterial (acima de 140/90mHg), como também pela presença de proteína na urina (proteinúria). Este quadro, apesar de ser controlável e relativamente freqüente, é chamado de pré-eclampsia, doença em que a grávida tem convulsões, coma ou mesmo ambas, e é uma das principais causas de morte materna no Brasil.

Preocupados com esse quadro,Guilherme Junqueira, Mauri Júnior e Victor de Oliveira, alunos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, analisaram os prontuários de todas as gestantes atendidas no Hospital Universitário, entre janeiro de 1998 e abril de 2004. Apesar da alta taxa de mortalidade da doença registrada em outros estudos, das 3.939 gestantes atendidas, foram registrados 145 (3,7%) casos de DEHG e nenhum óbito. Apenas 14 mulheres desenvolveram eclampsia. O resultado da pesquisa foi publicado no site Medstudents (www.medstudents.com.br) do portal Medcenter.

O levantamento aponta que 58% das mulheres que desenvolveram eclampsia (8) eram primigestas (primeira gravidez), 43% (6) tinham entre 30 e 39 anos, seguido de 36% na faixa dos 13 aos 19 anos. O objetivo do estudo era determinar o perfil das mulheres que desenvolveram a doença e a incidência mesma.

A incidência de eclampsia encontrada no levantamento foi de um caso para cada 281 partos, compatível com a média dos países em desenvolvimento. Entretanto, segundo o artigo, esse número está longe de ser o ideal: nos países desenvolvidos da Europa, por exemplo, a incidência é de um caso para cada duas mil gestações. A pesquisa, orientada pelos professores Guilherme Junqueira, Mauri Júnior e Victor de Oliveira, defende que essa diferença significativa pode ter relação com a qualidade de vida, nível de acesso ao pré-natal e a qualidade do manejo da paciente em cada país ou região do mundo.

Apesar dos resultados, os pesquisadores lembram que outros estudos encontraram uma taxa de mortalidade de aproximadamente 10% entre os casos de eclampsia e ressaltam a necessidade de se realizar mais pesquisas no hospital da Universidade com o objetivo de confirmar ou refutar os números encontrados. “A amostragem (da pesquisa) é pequena, necessitando de maiores estudos e maior período de tempo de análise para confirmar o baixo índice de mortalidade”, defendem.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)

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