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Imagem de moda: a tradução das tendências

Por Márcio Banfi* - 20 de agosto de 2014 - 15:00

Quando pensamos em tendência de moda, a primeira coisa que nos vem à cabeça é: de onde partiu essa ideia? Ou ainda: isso dá para usar?

O mercado de moda funciona como uma cadeia, com elos intercalados e interdependentes. Cada coisa vem de um lugar e cada detalhe é importante. Ao desfilar uma coleção nas passarelas, o estilista carrega seis meses de pesquisa que incluem, obviamente, informações de mercado e uma linha de pensamento para justificar seu tema e sua poesia.

A decisão sobre o que precisa estar em um desfile, numa campanha ou ir diretamente às lojas está calcada em um balanço prévio, que considera os itens que vendem “sozinhos” ou que precisam da força de uma imagem de moda.

Mas roupa já não é moda? Não é bem assim... O que vestimos é nossa identidade, um resumo básico de como nós nos apresentamos. Mas o que acontece no mundo hoje é reflexo do que vestiremos amanhã. Sim, a moda é séria. Talvez uma das formas mais fáceis de entendermos períodos políticos, desenvolvimentos e progressos culturais. Através da vestimenta podemos compreender o que se passou em determinada época ou identificar crenças e tradições. Ou seja, determina quem somos.

Uma guerra hoje indica que muito em breve é possível que vejamos camisas camufladas ou bermudas em "tons exército" pelas ruas, retrabalhados com bordados ou brilhos. O cinema também contribui muito para o surgimento de uma tendência. As celebridades despertam desejos em simples mortais. Queremos ter aquele vestido, aquele cabelo, aquela vida, queremos também ser desejáveis. Bastam alguns dias para que a roupa que a protagonista vestiu no capítulo de ontem da novela das oito esteja nas vitrines dos shoppings.

É popularizando que a moda se torna moda. Mostra que é possível vestir determinada peça que em um primeiro momento parecia feia ou até mesmo "conceitual" demais e, porteriormente, torna-se uma tendência mais acessível.

Blogueiros do mundo todo ditam o que é legal de se usar e até passam por cima ou desafiam críticas apuradíssimas de moda. Ele é o representante "comum", aquele que é igual a nós, portanto, "podemos confiar". Ainda assim, estão longe de serem os únicos a saberem o que será moda. Eles são o filtro. Com sua popularidade e sucesso apostam em determinadas tendências e passam de maneira simplificada (às vezes até demais) ao público.

Porém, a coisa não é tão simples. No momento em que uma peça é desfilada não queremos ver apenas a roupa. Queremos o espetáculo. E as marcas precisam disso para firmarem seu posicionamento junto ao público consumidor. É nesse momento que aparece a imagem de moda, que nada mais é do que uma representação poética de uma ideia através da roupa, ou seja, é o tema de uma coleção traduzida na figura que desfila à sua frente.

Em muitos casos, a roupa é coadjuvante. A performance, a atitude, o cenário, a ordem de entrada, a cartela de cores e a trilha sonora nos coloca em um ambiente facilitador para a compreensão do que o estilista quer passar. Acessórios também ajudam na composição do look. A utilização de simbologias é o que pode diferenciar um desfile do outro, já que todos estão sujeitos às mesmas tendências. É a forma de se diferenciar. E aí aparece sempre uma pergunta: "mas isso dá pra usar?".

Existem desejos, gostos e principalmente coragem para tudo. Sempre tem quem use, acredite. Porém não é porque foi apresentada daquela forma que é para ser usada assim. Aquela é a maneira artística, poética, que partiu de uma série de referências para o entendimento do que foi trabalhado.

Portanto, a tendência existe, claro. Mas a representação de cada marca perante as tendências é o que fará o comprador se identificar com elas. Através de desfiles, campanhas ou vitrines de suas lojas. Essa é a principal tendência.

* Marcio Banfi é coordenador da pós-graduação em Styling e Imagem de Moda da Faculdade Santa Marcelina - FASM

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