Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Quarta, 24 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

Idoso enfenta riscos dentro de casa

Comunicação / Mnistério da Saúde - 13 de outubro de 2004 - 14:28

Aparentemente não há nada de errado com a decoração e a arquitetura das casas brasileiras. Hábitos comuns como encerar o piso, ter uma mesa de centro na sala e colocar tapetes nos quartos ou corredores até garantem um certo padrão de beleza às residências. Já em relação à segurança não se pode dizer o mesmo. Cerca de 75% das quedas de idosos acontecem nas próprias casas e poderiam ser evitadas num ambiente mais favorável. De acordo com dados do Ministério da Saúde, um terço dos atendimentos de lesões traumáticas na rede pública de saúde é de idosos. Diante disso, o ministério orienta a população a fazer pequenas adaptações que ajudam a reduzir o risco de acidentes nos lares.

“Em mais de 70% dos casos de pessoas idosas com história de quedas, elas acontecem dentro de casa. Em cada dez casos aproximadamente, um leva a fratura”, assinala a coordenadora da Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, Neidil Espínola da Costa. Ela afirma que os acidentes com idosos são uma grande preocupação do ministério. Isso porque a recuperação física nessa fase da vida é mais difícil, mais complicada e mais lenta. Durante o período de recuperação, os idosos ficam sujeitos a desenvolver doenças pulmonares e problemas nas articulações, provocados pela falta de exercício regular. O medo de novas quedas leva o idoso a diminuir suas atividades, provocando a síndrome da imobilidade.

O trajeto quarto-banheiro, principalmente à noite, é onde mais acontecem quedas. Na maioria das vezes, esses acidentes ocasionam fraturas do colo do fêmur. “Noventa por cento desse tipo de fratura são causados por quedas e somente 50% dos idosos hospitalizados por esse motivo são capazes de retornar às suas atividades de vida independentemente”, observa Neidil Espínola.

A dona-de-casa Julieta Coelho Rios, de 95 anos, foi vítima de um acidente doméstico que poderia ter lhe rendido graves problemas de saúde. Ao tomar banho, resolveu ensaboar o pé, mas escorregou e caiu de costas dentro do box. “Por sorte, a queda só me causou um grande galo na cabeça, mas o médico disse que poderia ter sido bem pior”, lembra Dona Julieta. “Na minha idade, todo cuidado é pouco, não dá mais para fazer todos os movimentos com segurança”, acrescenta.

Segundo Neidil, uma forma de evitar casos como esse é a adaptação do banheiro, com a colocação de uma barra de apoio próxima ao chuveiro. Assim, ao se desequilibrar, a pessoa pode segurar na barra e tentar se manter de pé. Outras medidas reduzem os riscos de queda dentro de casa (ver box), mas também é importante que os idosos não dêem chance ao perigo. “Eles devem evitar certas atividades que representam risco, como subir em bancos ou escadas para pegar alguma coisa, andar no escuro e lavar o piso com sabão”, alerta Neidil.

Outros tipos de acidente, como queimaduras, também são freqüentes com idosos em casa. É comum, por exemplo, eles esquecerem de fechar o gás de cozinha após o uso. Por isso, é recomendável instalar um dispositivo de alarme no fogão para identificar se está vazando gás. “O idoso corre mais risco em casa até mesmo do que as crianças”, ressalta Neidil Espínola.

Cerca de 73% da população idosa, que hoje já chega a 13 milhões de brasileiros, são atendidos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A coordenadora da Saúde do Idoso afirma que, com o envelhecimento da população, há uma maior necessidade de diminuir as barreiras arquitetônicas para facilitar o acesso dessas pessoas não só nas casas como nas cidades. Nesse sentido, Neidil ressalta a importância de os ambientes públicos e privados estarem adaptados para facilitar a locomoção de idosos e das pessoas com deficiência permanente ou transitória.

Adaptações simples garantem uma casa segura

Tornar a casa um ambiente mais seguro de se viver, principalmente para idosos e crianças, não é tão complicado quanto pode parecer. Pequenas mudanças na decoração e organização dos móveis já fazem diferença. E o melhor é que para isso não é necessário um gasto muito elevado. “Na verdade, o custo de uma casa considerada mais segura não é maior em relação às outras; a diferença está no projeto arquitetônico e decorativo, que deve ser repensado”, destaca a coordenadora da Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, Neidil Espínola da Costa.

Segundo Neidil, é preciso repensar a altura dos armários, a iluminação, a organização dos móveis e a utilização de escadas, entre outros detalhes. Nos quartos, por exemplo, o ideal é que a cama e o colchão não sejam nem muito altos nem muito baixos, com uma altura de aproximadamente 45 cm. É bom ainda que a cama seja larga para que, ao se movimentar, o idoso não caia.

O piso não deve ser escorregadio e, se possível, é bom evitar o uso de tapetes, principalmente nos corredores. Nas casas com escadas, o Ministério da Saúde recomenda altura máxima de 15 cm entre os degraus, piso antiderrapante e sinalização diferenciada no primeiro e último degraus. “É essencial que o corrimão das escadas vá além do último degrau”, destaca Neidil.

No banheiro, são recomendadas a instalação de barras de apoio e a adoção de portas largas e, de preferência, não deve haver box nem tapetes. Os armários e estantes da cozinha devem estar na altura da cintura ou do peito para facilitar o acesso dos idosos aos utensílios. Assim, evita-se que eles subam em escadas para pegar algo e enfrentem o risco de quedas. Os móveis devem ser resistentes para apoio e não estar localizados em locais de passagem.

Sofás e cadeiras devem ser mais altos e ter braço de apoio para auxiliar o idoso a se levantar. É preciso um cuidado especial com os interruptores, que devem estar próximos às portas, em altura mediana. “É importante ainda que não haja grandes mudanças de iluminação nos diferentes cômodos da casa”, conclui Neidil Espínola.

SIGA-NOS NO Google News