O mercado de trabalho nas seis maiores regiões metropolitanas do país absorveu em maio mais 719 mil pessoas. As contratações, que aconteceram principalmente na indústria e no setor de educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social, fizeram a taxa de desemprego registrar a primeira queda significativa do ano, ficando em 10,2%, conforme os dados divulgados nesta quinta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com base na recuperação da indústria e também no histórico da pesquisa, o gerente da pesquisa de emprego do Instituto, Cimar Azeredo, acredita que já no próximo mês a taxa de desemprego vá cair para um dígito. Ele avalia, porém, que o atual cenário de instabilidade política e econômica no país pode assustar o investidor e provocar nova retração no mercado de trabalho. "Estávamos atentos à reação que o mercado de trabalho iria ter em função da política econômica que de certa forma assusta o investidor. A política de juros altos, a elevação do câmbio e ainda a instabilidade política deixam o investidor em estado de alerta".

Para Azeredo, a queda de 1,5% no rendimento médio real dos trabalhadores em relação a abril foi conseqüência da perda salarial dos servidores públicos e também dos que trabalham por conta própria. "Essas categorias são mais suscetíveis a momentos de incerteza política e econômica. Os servidores públicos porque não conseguem o reajuste reivindicado e os trabalhadores por conta própria porque absorvem a redução do consumo em função da inflação".