O Ibama confirmou nesta quarta-feira (2) a exoneração do diretor de licenciamento, Sebastião Custódio Pires. Na terça-feira (1), havia sido publicada, no Diário Oficial, o desligamento do coordenador –geral de infraestrutura de energia elétrica, Leozildo Tabajara da Silva Benjamim. As demissões acontecem em meio às pressões do governo para a concessão da licença ambiental para a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, a saída dos dois executivos se deu por “motivos administrativos".

Já há substituto para Pires: o superintendente do Ibama em Mato Grosso, Pedro Alberto Bignelli. Bignelli foi aprovado em concurso público em 2002 e havia sido nomeado no início deste ano para a superintendência de MT pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

O leilão para a construção de Belo Monte havia sido marcado para o próximo dia 21 de dezembro, porém, sem a licença, o governo decidiu adiá-lo para o ano que vem. A nova usina, que pelo projeto deve ser instalada no rio Xingu com uma capacidade de 11 mil megawatts, é alvo de protesto de índios e ambientalistas.

No início de novembro,ÉPOCA publicou uma reportagem mostrando que o Ministério Público Federal contesta a velocidade do processo de licenciamento ambiental de Belo Monte. "Faltaram informações nos estudos, e a população não conseguiu sequer começar a se mobilizar para debater a obra nas audiências. Elas funcionaram como meros ritos formais do governo”, disse o procurador da República Rodrigo Timóteo Costa e Silva, autor da ação que pediu o cancelamento das audiências públicas feitas neste ano.

Por outro lado, o governo diz que a construção de Belo Monte é fundamental para deixar o país em uma situação confortável em relação à geração energética. Todos os anos, o país precisa produzir 4.000 megawatts de energia a mais que no ano anterior para não parar.