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Homenagem póstuma ao José Pereira Maia por Manoel Afonso

Nosso adeus ao José Pereira Maia

Manoel Afonso - 19 de julho de 2017 - 05:00

Homenagem póstuma ao José Pereira Maia por Manoel Afonso

É antigo o preceito de que reside no caráter, na conduta, no estilo e na simplicidade em todas as coisas, a suprema virtude do homem. Posto isso, abro o meu coração para homenagear o velho e bom amigo Zé Maia falecido ontem aos 82 anos de idade.


Zé Maia – o escrivão de polícia – sempre foi aquele cidadão admirável e o chefe de família exemplar, em que pese as evidentes dificuldades decorrentes da função ou cargo nem sempre reconhecida pelos poderes públicos.


Dei uma espiada no passado e revi o nosso Zé na velha e simples Delegacia de Polícia – naquela sala (quente e desconfortável) à direita da porta de entrada do prédio – a frente da surrada e inseparável ‘Remington’ com papel carbono e fita desgastados, onde com sua paciência sem fim colhia os depoimentos de acusados e testemunhas. Girar o carretel defeituoso para rebobinar a fita da maquina e sujando os dedos era coisa corriqueira que jamais o aborrecia. Uma cena inesquecível!


Mesmo quando a cidade ficava temporariamente sem um Delegado policial, cabia ao José ‘segurar’ a onda, mantendo a boa convivência necessária junto aos policiais militares para atendimento as ocorrências. Naquela época do Mato Grosso uno, a nomeação passava pelas indicações políticas e os indicados não tinham a formação jurídica que a função exige. Aí diante destas circunstâncias, a experiência do nosso homenageado era imprescindível. Foi assim na época do ‘Darci Maravilha’, Pimpão e do Gildo por exemplo.


A postura do Zé era exatamente o anverso da imagem exigida do policial em nosso imaginário. O diálogo desarmava os exaltados e envolvidos, além de atrair o apoio e simpatia da população. Aliás, aos olhos da opinião pública, ele era um amigo de fácil convivência para os cassilandenses de todas as classes sociais.


Cassilândia antes da divisão do Estado era mais politica, a UDN e PSD disputavam o poder e qualquer fato policial envolvendo gente de prestígio tinha repercussão e era explorado. No meio deste tiroteio nos bastidores às vezes estava o nosso amigo respondendo pela Delegacia (carente de um Delegado titular). Ao seu estilo afável, conciliador saia vitorioso sem jamais deixar de cumprir o dever. Como advogado fui testemunha de algumas situações e episódios interessantes.


Mesmo distante, achei que a perda do José Maia não poderia passar em branco e que sua passagem por essa vida – em Cassilândia – foi vitoriosa. Ele nos faz lembrar o velho conceito de que a pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade. O Zé Maia é ‘das antigas’ – de um tempo em que a vida era mais simples, quando o que se honrava era o pai e a mãe, invés dos cartões de crédito de hoje.


O Zé Maia foi embora como viveu, discretamente. Deixa-nos a lição e o convite a reflexão sobre simplicidade. Vai em paz velho amigo. Até.

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