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Homenagem às mulheres, por Eduardo Sabbag

Bruna Girotto - 26 de março de 2011 - 11:10

O professor Eduardo Sabbag escreveu uma poesia em homenagem ao Dia da Mulher. Confira:

A GRAMÁTICA FEMININA

*Eduardo Sabbag **

* No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o Professor Sabbag elabora um poema em homenagem à mulher, por ele carinhosamente rotulada de “gênero inclassificável”. Nos versos, o Professor faz curiosas associações do vocábulo “mulher” a elementos gramaticais, cujos desdobramentos podem ser conferidos nas notas de rodapé.


** Eduardo Sabbag: Advogado; Professor de Língua Portuguesa e Direito Tributário na Rede LFG/Anhanguera; Doutorando em Língua Portuguesa e em Direito Tributário, na PUC/SP.





Mulher: dissílaba, na classificação;
oxítona, na acentuação;

Substantivo comum e concreto, na gramática;
Perante todos, um ser “concretamente incomum”.

Do gênero feminino, como substantivo, a mulher faz parte;
Como ser privilegiado, “faz o gênero” que quiser...

Mulher: gênero inclassificável!


Mulher: uma palavra sem a força do acento gráfico,
Mas que soa forte, como o “sim” e o “não” de uma mulher.


Se é dito “eu amo mulher” – o cacófato; se é escrito “mulher docílima” – o superlativo na expressão;

Aos prisioneiros de seus encantos, a paráfrase de Caetano adverte: “dulcíssima prisão”.
Mulher não é verbo;


Se o fosse, de conjugação única, sê-lo-ia... e no tempo verbal “mais-que-perfeito”!
Com efeito, na gramática ou fora dela;


O (vere)dito popular ensina: “Ela é a tampa da panela”.


Mulher: gênero inclassificável!


Mulher: uma palavra com seis distintas letras;
A “alma de mulher”: seis preciosos sentidos...


“Mulher” se escreve assim, no singular;
Mas sempre se “lê”, no plural, “mulheres” – um ser multifacetado que é...


Se “da vida”, a meretriz; se “fatal”, a sedutora; se “com pudor”, o encanto;
Para os desavisados, leia-se: “Mulher não é sexo frágil, só se o quiser...”


Daí o seu poder, um “poder-fato”, e não um “poder-dúvida”, como o de certos homens que não a conhecem, de fato...


Mulher: gênero inclassificável!


Se “mulher-homem”, a opção;
A mulher sem homem, a falta de opção.


Mulher irascível: a TPM;
Homem ao lado de mulher com TPM: a tensão.


Homem abandona mulher, “mulher-superação”;
Mulher abandona homem, “homem sem chão”.


Lugar de mulher, o homem quer decidir;
O homem sem a mulher, perdido sem lugar.


Mulher: gênero inclassificável!


Mulher “dona de casa”, o trabalho árduo;
Mulher dentro de casa, a organização.


Mulher companheira, bem mais que ele;
Mulher fiel, o presente dele.


Mulher casada, o compromisso;
Mulher solteira, a busca disso;


Mulher professora, com quem aprendemos.
Esposa mulher, com quem convivemos.


Mulher: gênero inclassificável!


Mulher se vestindo: para outra mulher;
Mulher no espelho: idem, idem.


Cabelos brancos, tinta;
Olhos e sobrancelhas, pinta.


Coisas de mulher, o segredo;
Traição de mulher, sem segredo.


Mulher: gênero inclassificável!


Mulher moderna, o trabalho;
Mulher no sábado, o salão.


Sonho de mulher, compras irrestritas;
Mulher sonhando, paixão à vista.


Lágrimas de mulher: o mistério;
Mulher em lágrimas: Delegacia da Mulher!


Mulher: gênero inclassificável!


Alma de mulher: Chico Buarque;
Mulher e atitude: Alcione.


“Eu gosto é de mulher”: Ultraje a Rigor;
“Perfume de mulher”: filme de rigor!...


“Mulher de Trinta”, no samba de Miltinho;
A maturidade, em Honoré de Balzac.


Mulher sereia, só dentro d`água;
Mulher “Amélia”: fora...de moda!


“Mulher honesta”, no Código Penal;
Mulher e “gravidezes”, o detalhe do plural.


Mulher: gênero inclassificável!


Mulher grávida, continuidade do amor;
Mulher mãe, o amor contínuo.


Mulher que “dá à luz gêmeos”: gramática em dia!
Ser “mãe-mulher”: uma beleza indizível e, enquanto bela, pleonasmo”.


De tudo, uma notável certeza:
“Mãe-mulher”, de onde viemos;
“Mulher-terra”, pra onde iremos.

Prof. Eduardo Sabbag
Março de 2011

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