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Homenagem ao amigo Mário Rotilli

Manoel Afonso - 15 de março de 2004 - 10:05

Lendo a notícia da morte do Mario Rotilli, algumas imagens afloraram rapidamente em nossa mente: ele - na porta do Banco do Brasil gaguejando, teimando em me chamar de Girotto e contando os problemas comuns a todos agricultores do Chapadão na época – verdadeiros sofredores por conta das dificuldades, ou ainda em frente das Casas Pernambucanas conversando com o gerente Moacir, com quem mantinha um relacionamento fraternal. Não foram poucas vezes em que esteve em nosso escritório, “chorando as pitangas” e pedindo orientação profissional.

Esse paulista de Tatuí – e ele me contara a epopéia de como foi parar no Rio Grande do Sul - era querido não só em Chapadão como em Cassilândia. Seu jeitão simples, com andar diferenciado, a todos cumprimentava e era incapaz de um procedimento descortês. Simplório – como diz nós caipiras – mas de alma grande, próprio de quem tem áurea boa, que só sabe fazer amigos e que por onde anda passa vai distribuindo bons fluídos e esperança. Nervoso ele ficava é claro: o financiamento que não tinha saído, a impaciência dos credores ou a frustração da lavoura de arroz nos primeiros anos de Chapadão. Aliás, o saudoso Paulo Leonel – primeiro gerente do Banco do Brasil em Cassilândia, tinha um carinho especial no tratamento ao Mário e disso não fazia segredo, já que ele era visto com deferência, tratado por todos como “tio Mário”.

Nós, que acompanhamos de perto toda trajetória inicial do Mário e família, sabemos que tudo foi conquistado com suor, sacrifício, próprio daqueles que acreditam nos preceitos de que o pão de cada dia deva ser sagrado, sem mancha. O Mário prova de que para dar exemplo de vida não precisa ser doutor ou ter status. Basta seguir a receita simples que herdou de seu pais e que naturalmente repassou aos seus filhos, todos bons aprendizes como é notório na comunidade local. Essa é a herança maior – o legado que deixa a todos seus descendentes.

Acho que se fosse dado ao nosso homenageado, a chance de analisar sua passagem aqui pela terra, certamente que diria estar satisfeito com os desígnios de Deus: constituiu uma família honrada, teve uma companheira nota 10, só deus bons exemplos e viveu honestamente de seu trabalho, tendo um coração generoso – incapaz de maldade de qualquer espécie. Nunca fez da esperteza, da lei da vantagem, norma de sua conduta.

O Mário é mais um pioneiro que tomba e é aconchegado na terra vermelha que ele tanto amou e acreditou. A terra que lhe deu os frutos e esperanças para cumprir com dignidade sua trajetória terrena. O canto das seriemas estão mais tristes e o brilho dos vaga-lumes mais opaco pela sua morte. Pessoas como o Mário não morrem: ficam encantadas na memória do nosso coração. Até um dia velho companheiro. Até lá!
Manoel Afonso
(O autor é advogado,, comentarista
da TV-Record-MS e colunista )

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