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Homem mais velho do mundo mora em Jatai ( GO )

O Correio News - 02 de janeiro de 2004 - 08:12

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Carla Borges.
Vive em Jataí o homem mais velho do mundo. O aposentado Martinho Bispo dos Santos tem 116 anos e, se não houver nenhum erro em sua certidão de nascimento, ele supera em três anos o espanhol Joan Riudavets Mole, de 113 anos, apontado pelo Guiness World Records como o homem mais idoso vivo no mundo, depois da morte, em 28 de setembro deste ano, de Yukichi Chuganji, que também tinha 116 anos.
Martinho nasceu no dia 2 de julho do longínquo 1887, em pleno Império. Ele também bate, em 45 anos, a expectativa de vida do brasileiro (veja quadro). Baiano de Cocos, conheceu cedo o trabalho duro na roça em pleno sertão, onde criou 13 filhos – dos quais 3 já morreram –, sempre aconselhando-os a trabalhar como ele próprio.
Em sua casa de quatro cômodos, construída com placas de cimento, Martinho é a tradução viva da palavra resistência. Aposentado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ele tem como única renda um salário mínimo por mês (240 reais), dinheiro insuficiente para custear despesas com alimentação, água, energia elétrica e medicamentos, principalmente para o filho Cordelino, que faz uso de remédios controlados para tratar as seqüelas neurológicas de um acidente que o incapacitou para o trabalho. “Meu pai é muito querido e, de vez em quando, vizinhos e conhecidos levam cestas de alimentos para ele”, conta Jonino Bispo dos Santos, 55, um dos filhos de Martinho que moram em Jataí.
Martinho perdeu sua companheira inseparável, Geralda, há menos de seis meses. A dor da perda não o impediu de manter a rotina. Acorda cedo, antes de 7 horas, e vai se deitar por volta de 19 horas – com o sol ainda a pino em horário de verão. Quando precisa de alguma miudeza, é ele mesmo quem vai buscar na padaria ou no supermercado. Para Jonino, a maior lição deixada pelo pai é a da humildade. “Ele sempre nos ensinou a ser humildes e a não ser agressivos”. Perfeitamente lúcido, Martinho cultiva uma roça de milho no fundo do lote. Na sala da casa decorada com poucos móveis, um quadro de Santa Luzia se destaca.
A devoção por Santa Luzia tem um aspecto curioso na vida do aposentado: segundo a tradição, ela é a protetora dos olhos. Martinho só começou a usar óculos há três anos, quando já contava 113 anos. A idade avançada também teve reflexos na audição de Martinho, que está parcialmente comprometida. “Problema grave, felizmente, ele nunca teve”, festeja o filho Jonino, que diariamente vai à casa do pai para ver como ele está. Nessas visitas, Jonino e outros freqüentadores da casa ouvem do idoso conselhos sobre como educar os filhos. A desobediência dos jovens aos mais velhos surpreende Martinho, que foi criado, como ele mesmo conta, em outro regime.
Da época do trabalho pesado na lavoura, Martinho herdou hábitos que deixariam médicos modernos preocupados. O cardápio preferido dele é arroz, feijão e carne de lata, uma tradição que ainda sobrevive em muitas fazendas do interior de Goiás – a de manter a carne frita dentro de uma lata, conservada em banha de porco. Para arrematar, rapadura, como todo bom nordestino.

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