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História: Bellini, o eterno capitão

Fernando Savaglia - 02 de julho de 2005 - 06:51

Hideraldo Luiz Bellini nasceu em Itapira, pequena cidade do Estado de São Paulo, localizada quase na divisa com Minas Gerais. Iniciou carreira na Esportiva Sãojoanense, de São João de Boa Vista. Graças a sua capacidade, não demorou muito para chamar a atenção de tradicionais equipes, entre elas o Vasco da Gama, que o contratou em 1952.

Durante anos, o zagueiro-central foi titular absoluto da equipe carioca. Como defensor, parecia ter um sexto sentido em relação às pretensões dos atacantes adversários. Antecipava-se e desarmava como poucos, garantindo a fama de um dos maiores beques do mundo, o que ficaria provado no ano de 1958, na Copa da Suécia.

Em virtude de sua personalidade e liderança, foi escolhido capitão da seleção brasileira no mundial. Numa história que todos conhecem, o escrete que saiu desacreditado do Brasil acabou conquistando, de maneira brilhante, o título.

"Foi uma emoção que não há como expressar em palavras. Poucos acreditavam em nós. Até porque não tínhamos nenhum título importante", explica. "O Pelé estava começando e o Garrincha era uma incógnita na seleção. Mas, lá fora, o time engrenou. E conseguimos trazer o primeiro campeonato mundial."

Em relação a levantar a Taça Jules Rimet sobre a cabeça, imagem imortalizada em capas de jornais do mundo todo, o ex-capitão explica que havia uma multidão de fotógrafos na frente dele se empurrando. Resolveu, então, erguê-la para dar a todos a oportunidade de fotografá-la. Mal sabia que, a partir daquilo, seu gesto viraria um verdadeiro ritual nas comemorações de conquista de títulos ao redor do planeta.

O ex-zagueiro recorda-se, também, de dois nomes ligados à história do São Paulo Futebol Clube que foram muito importantes na conquista. "O Feola, como técnico, era muito calmo. Nunca elevava a voz para nenhum atleta e passava isso a nós", explica. "Já o doutor Paulo Machado de Carvalho era um dirigente que sabia, como ninguém, nos motivar. Foi um grande chefe de delegação".



NO TRICOLOR

No início de 1962, o craque, depois de nove anos no Vasco da Gama, transferiu-se para o Tricolor numa iniciativa de Manoel Raymundo Paes de Almeida, diretor de futebol naqueles tempos. "O São Paulo me contatou e achei a proposta interessante. Além de ser um grande clube, minha família estava toda no interior do Estado e era uma oportunidade de ficar mais próximo dela."

Existe uma lenda de que, ao chegar, o zagueirão, já consagrado, era tratado com tanto respeito que alguns jovens atletas o chamavam de "seu Bellini". Indagado sobre a veracidade da informação, o eterno capitão diverte-se. "Sinceramente, não me lembro (risos). Alguns jovens talvez pudessem me chamar de 'seu Bellini'. Mas, se isso realmente ocorreu, não iria deixar acontecer por muito tempo".

Apesar da fase de poucos títulos de expressão, os anos 60 tiveram passagens de boas recordações para a torcida tricolor, entre elas a incrível vitória sobre o Santos por 4 a 1, numa partida que ficou conhecida como o "Jogo do Cai-Cai". Naquele dia, o Peixe, mesmo contando com um supertime, simulou contusões para, assim, interromper a partida e evitar uma derrota ainda mais humilhante. "Eles eram praticamente imbatíveis. Então o Roberto Dias grudou no Pelé e eu, no Coutinho", revela a estratégia. "Para vencê-los, não bastava um ou outro jogador atuar bem. Era necessário que o time inteiro o fizesse. Foi o que aconteceu, apesar de pouca gente acreditar que aquilo pudesse ocorrer, goleamos o Santos".

Bellini ressalta ainda a qualidade de Roberto Dias, quarto-zagueiro. "Além de ser técnico, era um excelente marcador, principalmente do Pelé". Depois de sete anos defendendo o São Paulo, transferiu-se para o Clube Atlético-PR. Lá, jogou de 68 a 69, para, em seguida, encerrar sua brilhante carreira. "Ainda tive muitos convites para me tornar técnico. Mas declinei para ficar mais ao lado de minha família", explica o ex-capitão da conquista de 58. "Além do que, é muito complicado você, do banco, ver seu time perdendo e não poder entrar em campo", complementa.

Bellini passou a jogar, então, com os Milionários, equipe de astros veteranos que se apresentava por todo o País. "Apesar do nome, não tinha ninguém milionário ali (risos). Aquelas viagens eram muito divertidas. Guardo ótimas recordações daquela época".

Simultaneamente às apresentações com a equipe, o ex-zagueiro prestou, durante 15 anos, serviços a Phillips do Brasil. Organizava os campeonatos internos das várias filiais da empresa. Ainda foi proprietário de uma escola de futebol no bairro do Brooklin, em São Paulo, por 20 anos. Pelo que representou, tanto por suas atuações em campo assim como pelo seu caráter, Hideraldo Luiz Bellini é considerado, com toda a justiça do mundo, um dos maiores zagueiros que já vestiram a camisa número três do São Paulo Futebol Clube.


RAIO X

Hideraldo Luiz BELLINI

Nascimento: 21/06/30

Local: Itapira-SP

Outros clubes que defendeu: Esportiva Sãojoanense, Vasco da Gama e Atlético-PR


site do São Paulo Futebol Clube

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