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Hipertensão arterial: são 30 milhões com ela no Brasil

Agência Notisa - 28 de setembro de 2004 - 10:50

Rio de Janeiro - Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), há 600 milhões de hipertensos no mundo e 500 milhões precisariam de intervenção médica imediata (OMS). No Brasil, seriam cerca de 30 milhões de portadores da doença, que chega a atingir mais de 50% dos idosos e está associada a diversas afecções cardiovasculares. Preocupados com o tema, pesquisadores brasileiros participaram da mesa redonda “Tratamento da hipertensão arterial: dos grandes estudos ao mundo real”, realizada durante o 59º Congresso da SBC.



Segundo Ayrton Pires Brandão, professor da Uerj, é fundamental que os cardiologistas adotem o tratamento não-medicamentoso e estimulem mudanças no estilo de vida de seus pacientes. “No grupo pré-hipertensão, por exemplo, não vejo necessidade do uso de medicamentos no tratamento”, afirma. O pesquisador cita como vantagens dessa terapêutica o risco mínimo, o baixo custo para a saúde pública, a redução da pressão arterial (PA) e o aumento da eficácia do tratamento medicamentoso. As principais dificuldades, segundo ele, seriam a baixa adesão dos pacientes e o alto custo de algumas dietas.

Para Brandão, é necessário que se tenha uma política pública bem direcionada e que trate do paciente desde muito cedo. “Poderíamos, em vez de estar tratando nossos pacientes, estar evitando que eles chegassem a esse estágio (de hipertensão)”, afirmou. Segundo ele, o problema de hoje vem da “gordurinha” de ontem — e todos estão fartos de saber disso. “E o que nós fizemos ao longo dos anos? Ficamos mais gordos, mais sedentários e pioramos nossa alimentação”, lamentou. Para ele, para que haja a promoção da saúde do paciente, é necessário identificar os fatores de risco de cada um antes de se realizar qualquer intervenção. O fumo, a obesidade e o sal devem ser os primeiros alvos do combate à hipertensão. “É uma cruzada da qual todos devemos participar”, defende. Hoje, segundo dados da SBH, considera-se ótima a PA abaixo de 12/8.

O tratamento medicamentoso, entretanto, não pode ser descartado. O Dr. Marcus Vinícius Malachias, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, defende o uso criterioso de dois ou mais fármacos: “cada indivíduo tem um grau próprio de resposta para cada medicamento”, afirma. O pesquisador analisou diversos estudos de todo o mundo e concluiu que 58% utilizaram mais de duas drogas e conseguiram, em média, reduzir o AVC (derrame) em 40% e a mortalidade vascular em 21%. Segundo ele, a monoterapia (com um único fármaco) é eficaz em apenas 30% dos pacientes com hipertensão, sendo totalmente ineficaz nos casos graves.

Sergio Kaiser, professor da Uerj, chegou à conclusão semelhante de Malachias ao analisar os resultados do estudo ALLHAT (Antihypertensive and
Lipid-Lowering Treatment to Prevent Heart Attack Trial - EUA), que envolveu 40 mil pacientes: após cinco de tratamento: a maioria dos participantes utilizava mais de um fármaco. Kaiser considera que o melhor remédio é sempre o que diminui mais a pressão do hipertenso, mas lança dúvidas sobre os inibidores (IECAs) e bloqueadores (BRÁS) da enzima conversora da angiotensina, potente vasoconstritor. “Não se sabe se esses medicamentos contribuem positivamente para os desfechos em longo prazo. Não há estudo que comprove isso”, alerta.

Na opinião de Agnaldo David de Souza, professor da UFBA e membro da Heart Fallure Society of América (Sociedade de Insuficiência Cardíaca da América) , um problema sério no Brasil seria a falta de políticas públicas voltadas para o combate da síndrome metabólica (SM - resistência à insulina). A doença, que pode levar ao diabete tipo 2 e à hipertensão, está associada a problemas cardiovasculares graves, como infarto do miocárdio (IAM) e acidentes vasculares cerebrais (AVC). “Existem iniciativas regionais muito boas [contra a síndrome], mas nenhuma em âmbito nacional”, afirmou o pesquisador, que lamenta a falta até mesmo de dados. Os principais componentes da SM são diabetes, obesidade, PA alta e glicemia (teor de açúcar no sangue) acima de110mg/dl.

Segundo David , cerca de 8% da população brasileira é diabética, número considerado alto, apesar de ser metade do encontrado no México, campeão da doença na América Latina. A obesidade, por sua vez, dobrou em 30 anos e hoje atinge 15% da população dos brasileiros. “A síndrome metabólica é um desafio tanto para nós médicos, quanto para as políticas de saúde pública de todos os países”, disse o médico.



(Agência Notisa - jornalismo Científico - scientific journalism)

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