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Hanseníase: Ex-paciente fala de reação após a cura

Agência do Rádio - 21 de fevereiro de 2008 - 09:17

A jovem carioca Paula Brandão, enfermeira, 28 anos, virou uma espécie de garota-propaganda dos movimentos de luta contra a hanseníase no Brasil. Há seis anos, ela recebeu diagnóstico positivo para a doença.

"Acho que esse foi, assim, o momento mais difícil, porque, na verdade, após a biópsia, quando deu que era inconclusiva, foi o período mais difícil realmente porque eu fiquei muito chateada, muito depressiva mesmo. Eu fiquei dois dias sem sair de casa e nesses dois dias o meu pensamento era que eu tinha lepra e que meus amigos, os meus familiares, ninguém ia querer se aproximar de mim, porque a imagem que eu tinha era a imagem do isolamento, aquela coisa que a Bíblia colocava de que a gente ficaria isolado por causa da lepra. E aí, passando isso, quando fechou-se o diagnóstico, eu fui encaminhada a uma unidade de saúde e comecei o tratamento e tive as possíveis complicações de um paciente de hanseníase".

Paula diz que a hanseníase tem cura, mas ressalta os incômodos da reação ao tratamento.

"Existe a cura através da medicação, em que a pessoa toma remédios. No meu caso, eu tomei seis meses a medicação, mas têm pessoas que precisam tomar durante um ano e pode acontecer com uma pessoa portadora de hanseníase um episódio de reação hansênica. Assim, eu fui sofrer a reação quatro anos após a minha cura e quando eu sofri a reação eu fui deixando as coisas caírem, sem sentir nas mãos. No início eu achava que era distração, então, eu deixava cair copo, talher e as coisas iam caindo e eu acho que foi até mais difícil do que o tratamento de hanseníase mesmo, porque como eu tive reação quatro anos depois, eu fui muito questionada pela minha família, pelos meus amigos, se realmente eu estava curada. Eu tive que, em dois momentos, imobilizar o braço. Eu tive que tomar medicação que me fez engordar oito quilos, o que por diversas vezes eu quis parar de tomar. Houve aumento de acne, de pêlos, então assim, fez com que o meu humor fosse alterado porque tinha alterado a minha imagem. Aí eu senti as conseqüências da hanseníase. Não no momento em que eu tratei e que eu me sentia curada, mas no momento em que eu tive a reação. Mas em momento nenhum, eu deixei de acreditar que eu estava curada.

De Brasília, Paulo César Campos

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