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Geral

Habililidades para organizar, reter e usar informações

Nelson Valente - 22 de junho de 2009 - 07:09

O aluno, ao fazer uso da leitura para fins de estudo, tem em mente algum objetivo específico.
fazer uma palestra
escrever um artigo
participar de discussão
adquirir conhecimentos
responder a uma pergunta
esclarecer dúvidas etc.
assim, torna-se necessário, nesse tipo de leitura, garantir a retenção das informações. A memorização porém, não é um fato puramente mecânico que se adquire pela repetição pura e simples dos dados. É, ao contrário, um processo inteligente, cuja eficácia depende de muitos fatores como a atenção e a concentração na leitura, a compreensão do que se lê e sua utilização posterior.
No entanto, um dos fatores mais decisivos para garantir a retenção é o estabelecimento de relações significativas entre os dados, ou seja, é a habilidade de organizar as informações.
A organização das informações mostra-se muito mais eficiente quando, em vez de um processo puramente mental, o leitor as registra buscando suas inter-relações. O tipo dessas anotações depende do objetivo específico da leitura e pode constituir-se em anotações breves ou pormenorizadas, assim como pode variar quanto ao estilo (resumos ou esquemas).

Organização das informações: produção de anotações e resumos
Ao realizar as atividades de leitura, para fins de estudo, o aluno nunca deverá confiar apenas em sua memória. Ele deve anotar os dados de que vai necessitar, procurando sempre reestruturas as ideias do autor, dando-lhes um cunho pessoal. a anotação deve incluir, é claro, referência à fontes de consulta.
Não há uma fórmula exata que possa ser fornecida aos alunos para suas anotações e resumos. Muito da personalidade de cada um influirá na organização dos dados. Ao professor caberá orientar o pensamento do aluno, analisando com ele o objetivo da pesquisa.
De sua responsabilidade será também dirigir a formação e o desenvolvimento de habilidades essenciais para que as notas possam ser bem tomadas.
Essas habilidades, que se referem à compreensão da leitura, são as mencionadas a seguir.
Selecionar as ideias principais.
Captar minúcias.
Perceber relações entre fatos.
Acompanhar a sequência dos fatos.
Decidir o que é importante e anotar.
Reestruturar as ideias do autor.
Anotar as indicações das fontes de informação.

A fim de que os alunos ganhem habilidades para fazer anotações, deverão participar de atividades graduadas e adequadas ao seu nível, tais como:
dar títulos a partes de textos;
tomar notas sobre um assunto e justificar a escolha dos tópicos;
verificar as notas de leitura tomadas por um colega e comentá-las com ele ou em grupo;
discutir as características de leitura que contribuem para que as notas sejam bem tomadas;
comparar suas notas de leitura com as de um colega;
discutir os pontos fracos e os fortes das notas tomadas por um grupo, antes de se apresentar um relatório;
discutir sobre como tomar notas breves em uma excursão ou em uma palestra;
elaborar fichas de leitura ou completar ficha indicada pelo professor.

Para a habilidade de fazer resumos, o aluno deve:
escrever resumo de um livro recreativo;
tomar parte em uma discussão sobre os tópicos a serem incluídos em um relatório a respeito de determinada atividade;
preparar um resumo de história do livro básico, escrevendo uma sentença, bem clara, sobre cada parágrafo; e
fazer relatório, para orientação dos colegas, sobre uma pesquisa feita.

Organização das informações: estruturação de esquemas
O esquema é um tipo de anotação que acompanha certos padrões previamente estabelecidos.
Para elaborá-lo, o aluno deve descobrir a organização dada ao trecho que consulta, e a relação entre as ideias retirando-lhe apenas as ideias mais importantes, que devem ser anotadas em forma de tópicos e subtópicos.
Se o aluno vai fazer um esquema de informações colhidas em várias fontes, pode organizar uma estrutura adequada ao objetivo da pesquisa e, em seguida, preenchê-la com os dados encontrados.
A escrita é um poderoso instrumento para preservar o conhecimento. Anotar é a melhor técnica para guardar informações obtidas, por exemplo, em sala de aula, livros etc. Manter os apontamentos é fundamental. Logo, nada de rabiscar em folhas soltas. Mas também não se deve ir escrevendo no caderno de anotações tudo o que se ouve ou lê. Tomar notas supõe rapidez e economia. Por isso, as anotações têm de ser:
suficientemente claras e detalhadas, para que sejam compreendidas mesmo depois de algum tempo;
suficientemente sintéticas, para não ser preciso recorrer ao registro completo, ou quase, de uma lição.
Anotar é uma técnica pessoal do estudante. Pode comportar letras, sinais que só ele entenda. Mas há pontos gerais a observar. Quando se tratar de leituras, não basta sublinhar no livro, o que, aliás, não deve ser feito em livros que outras pessoas precisem consultar, pois os inutiliza.
Deve-se passar as notas para o caderno de estudos. O aluno tem de se acostumar à síntese: aprender a apagar mentalmente palavras e trechos menos importantes para anotar somente palavras e conceitos fundamentais. Outros recursos: jamais anotar dados conhecidos a ponto de serem óbvios, eliminar artigos, conjunções, preposições (como na linguagem telegráfica) e usar abreviaturas.
É preciso compreender também que anotações não são resumos, mas registros de dados essenciais que podem ser relacionados entre si por meio de flechas indicativas.


Estágios da aprendizagem do esquema
Os esquemas são anotações sintéticas resultantes de tarefas mentais que envolvem desde a identificação das ideias do texto até o relacionamento delas e sua hierarquização. As habilidades preparatórias para esse estágio devem ser desenvolvidas desde as séries fundamentais.
Logo que o aluno é alfabetizado, começa a se familiarizar com a classificação dos conceitos e a compor listas de palavras sobre o mesmo assunto: animais, brinquedos, a família e outros temas de seu interesse. Posteriormente, já começa a separar elementos diferentes e compor listas, até que se familiarize com a divisão de assunto em seus vários aspectos e as características de cada um, tornando-se capaz de expressar essas relações em expressões sintéticas (dando títulos às partes).
Geralmente será na 3ª ou 4ª série (respeitando-se as peculiaridades da classe e da escola) que o professor apresentará a técnica da composição de esquemas.
Aconselha-se que, ao ensinar o aluno a fazer esquema, o professor observe estágios como:
O professor faz todo o esquema de um trecho. Os alunos lêem o trecho e discutem o esquema; aprendem a planejar e tomam conhecimento de convenções usuais como:
emprego de algarismos romanos para os tópicos principais;
emprego de letras maiúsculas para os subtópicos;
emprego de algarismos arábicos para os pormenores;
colocação do título;
emprego de pontuação e de letras maiúsculas no esquema; e
alinhamento.

Os alunos lêem o trecho e com os dados colhidos completam o esquema parcialmente feito pelo professor.
Os alunos dão estrutura a um esquema, a partir de indicações feitas apenas com números e letras.
Os alunos fazem o esquema, conhecendo o número de tópicos.
Os alunos adquirem independência e já são capazes de elaborar um esquema sem qualquer ajuda.

É interessante observar que muito mais fácil do que fazer anotações de leitura é fazer anotações de algo que se ouviu. Portanto, inicialmente o aluno deverá ser levado a tomar notas ao ouvir entrevistas, notícias, avisos, palestras etc.
Um dos recursos que comumente se usa nessas ocasiões, e que auxilia muito o aluno, é o planejamento de perguntas sobre os tópicos de interesse. Assim, professor e alunos, em colaboração, levantam e anotam, em primeiro lugar, os problemas que desejam solucionar.
Em seguida, no momento em que as informações são dadas, escrevem as respostas.
Após a atividade, o professor e alunos comentam as anotações feitas, discutem-nas e registram-nas.
Um segundo passo, no estágio das anotações de informações ouvidas, é o de reunir dados colhidos em várias fontes, sobre o mesmo assunto.
Sem dúvida, é uma tarefa que exige muito mais trabalho e reflexão, pois requer operações intelectuais como comparação, associação, generalização, julgamento.
Muitas vezes as informações se repetem, muitas vezes se completam, mas não são raras as vezes em que se contradizem. Desse modo, antes de agrupá-las, o aluno terá de avaliá-las. A princípio só conseguirá fazê-lo com o auxílio do professor.
Aos poucos, entretanto, ligando com temas mais simples, o aluno pode ir se libertando da assistência do professor. O caminho mais seguro, nesta fase, é o levantamento de perguntas-guia, antes da pesquisa, quando todas as respostas encontradas podem ser anotadas para, posteriormente, fazer-se a comparação e o julgamento, passando então, por um processo seletivo. Ao chegar-se a conclusões, novas notas são tomadas, em definitivo.
O aluno deverá ser iniciado na técnica de anotar informações colhidas em leituras apenas na terceira série, passando pela fase das anotações em uma só fonte antes de compilar dados de várias fontes.
Os trechos de que o professor se deve servir para orientar os alunos nas anotações de leitura deverão ser elaborados em parágrafos bem estruturados com uma ideia central e alguns pormenores curtos e interessantes.

Atividades para a promoção da habilidade de fazer esquemas
Algumas atividades desenvolvidas de modo frequente levam ao desenvolvimento da habilidade de fazer esquemas.
Elas são:
terminar um esquema sobre determinado assunto, iniciado como guia, pelo professor;
discutir, em grupo, os tópicos essenciais, na pesquisa de determinado assunto e anotá-los;
fazer esboço de um plano para determinada atividade como: preparação de uma excursão, de uma dramatização, uma festinha etc.;
ajudar a agrupar determinados subtópicos de leitura feita em um tópico;
dividir um tópico lido em subtópicos;
fazer plano para um artigo;
ler uma história e dividi-la em atos ou cenas; planejar uma atividade, anotando as ideias principais para sua realização.

(*) é professor universitário, jornalista e escritor

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