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Governo quer acabar com a hanseníase até o fim de 2005

Paula Menna Barreto/ABr - 06 de abril de 2004 - 08:06

A hanseníase continua a preocupar as autoridades de saúde no Brasil. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano são diagnosticados cerca de 43 mil novos casos. Aproximadamente quatro pessoas, em cada 10 mil habitantes, têm a doença. Atualmente, na América Latina, o Brasil é o país onde está concentrada a maior carga de hanseníase no continente. Dados do Ministério da Saúde apontam o Mato Grosso como o estado brasileiro com maior incidência da doença - 21,5 em cada 10 mil habitantes.

Com o objetivo de acabar com a doença até o fim de 2005, o governo lança amanhã (6), em Rio Branco (AC), o Plano de Eliminação da Hanseníase. Para ser considerada eliminada do país, é necessário reduzir a prevalência da doença para menos de um caso a cada grupo de 10 mil habitantes.
O lançamento do plano ocorrerá durante a primeira reunião macrorregional de 2004 para discutir as ações de controle da doença.

A taxa de prevalência da doença foi reduzida em 80% nos últimos 15 anos, mas o Brasil ainda não conseguiu eliminar a hanseníase. “Somos o país mais endêmico do mundo”, afirma a
coordenadora do Programa de Hanseníase do Ministério da Saúde, Rosa Castalia Soares. Os moradores das regiões mais remotas são os que menos têm acesso ao diagnóstico e ao tratamento. “Todos os centros de saúde devem atender casos de hanseníase do mesmo jeito que casos de hipertensão”, diz.

Os estados de Rondônia, Roraima, Piauí e Goiás seguem em segundo lugar no número de casos. Para que o Brasil vença a luta contra a doença, o governo firmou um compromisso com a OMS: tratar a hanseníase como um problema de saúde pública até o fim do ano que vem. "A meta
mesmo é ter menos de um caso por 10 mil habitantes”, diz Rosa Castalia. Ela acredita que até o fim do ano que vem esse mal esteja eliminado no Brasil. O índice de menos de uma pessoa infectada é praticamente uma eliminação, de acordo com a OMS.

A doença é transmitida por uma bactéria que se propaga pelas vias respiratórias. As condições de vida da população estão intimamente relacionadas com esse tipo de doença, como
precariedade de moradia e de saneamento, por exemplo. Neste sentido, observa-se maior número de casos em áreas subdesenvolvidas. Estados como Acre, Amazonas, Pará, Tocantins, Maranhão, Ceará, Pernambuco e Espírito Santo também preocupam os sanitaristas. No Brasil, apenas o Rio Grande do Sul e Santa Catarina eliminaram a doença, de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS). O Distrito Federal, o Rio Grande do Norte e São Paulo estão próximos da erradicação da doença.

O Plano Nacional de Eliminação da Hanseníase 2004/2005 tem como foco todo o país, mas a região Norte é a que registra o maior número de casos. Dados do Ministério da Saúde indicam
que mais de 15 mil casos foram registrados em 2003. Segundo a coordenadora do Programa de Hanseníase do Ministério, alguns municípios como Cruzeiro do Sul (AC), Fonte Boa (AM), Sena
Madureira (AC), Porto Velho (RO) e Curionópolis (PA) são prioritários.

Agora em abril, começam a ser realizadas reuniões no Amazonas, Recife e Distrito Federal, reunindo coordenadores estaduais de hanseníase, agentes comunitários e especialistas em
atenção básica para que possam começar a executar o Plano em âmbito nacional. As equipes das secretarias estaduais de Saúde vão receber reforço do Grupo Tarefa de Eliminação da
Hanseníase. Serão médicos e enfermeiros distribuídos entre os estados com maior incidência da doença.

Além disso, o Ministério da Saúde vai capacitar profissionais para trabalhar no diagnóstico da enfermidade e no tratamento dos pacientes. “À medida que os casos são descobertos e
tratados, conseguimos a meta”, afirma a médica sanitarista Rosa Castalia. A coordenadora do Programa de Hanseníase diz que não são muitas as unidades de saúde que fazem atendimento
a portadores de hanseníase. “Temos de facilitar o acesso ao tratamento”, acrescenta.

O plano inclui ainda uma campanha com orientações à população sobre os sinais e sintomas da doença. Outra questão importante é lutar contra o preconceito para estimular a detecção precoce de casos. “Um paciente em tratamento não transmite mais a doença”, afirma Rosa Castalia.

O Ministério da Saúde deve disponibilizar recursos de R$ 15 milhões para o Plano de Eliminação da Hanseníase, mas a coordenadora do programa acredita que os recursos podem ser maiores. “O medicamento seria a parte mais cara, mas todos os remédios são doados ao Brasil pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”, esclarece. A sanitarista diz que quer ver todos os centros de saúde atendendo pessoas portadoras da doença. “Acredito que vamos investir muito”, completa.

A prioridade do Plano é para 213 municípios em situação mais preocupante. O Ministério pretende adotar estratégias de integração com o Programa de Saúde da Família (PSF) para,
assim, conseguir detectar o maior número de casos e possibilitar o tratamento o quanto antes. O objetivo do Ministério é detectar 51,4 mil casos ainda em 2004 e 53,4 mil em 2005.

A hanseníase é causada por um micróbio, o Micobacterium Leprae, o bacilo de Hansen, que ataca a pele e os nervos, principalmente dos braços e das pernas. São dois os tipos da
doença: a Paucibacilar (PB), com menos de cinco lesões de pele e/ou apenas um tronco nervoso comprometido, e a Multibacilar (MB), com cinco ou mais lesões de pele e/ou mais de um tronco acometido. O tratamento leva de seis meses a um ano e a pessoa fica totalmente curada. “Quanto mais cedo começar, melhor”, diz a médica. “Se o paciente não se tratar, aí sim pode causar deformidades”, explica.


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