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Governo japonês preocupado com filhos de brasileiros

Spensy Pimentel/ABr - 23 de maio de 2005 - 09:29

A situação dos filhos de brasileiros residentes no Japão preocupa autoridades do país. Na avaliação das prefeituras de cidades onde se concentram as comunidades de dekasseguis, a combinação entre as longas jornadas de trabalho dos pais e a dificuldade de adaptação de algumas crianças está levando ao abandono escolar e à delinqüência juvenil.

"É de cortar o coração. Há crianças que não vão à escola, enquanto os pais trabalham mais de dez horas por dia. Elas acabam indo para a rua", conta Shinji Sato, diretor da divisão de Relações Internacionais da Prefeitura de Toyohashi. A cidade, na província de Aichi, a sudeste de Tóquio, tem 12 mil brasileiros entre seus 380 mil habitantes.

Segundo a psicóloga Taeco Carignato, da Universidade de São Paulo, cerca de 30% das mais de 40 mil crianças brasileiras no país estão fora da escola, depois de enfrentar problemas de adaptação nas escolas japonesas. "As crianças que nascem no Japão ou que seguem pequenas para aquele país conseguem se adaptar às escolas japonesas. São educadas e crescem como japonesas. Mas as que já têm uma certa idade e os adolescentes sofrem muita discriminação e preconceito", diz Taeco. Segundo ela, os maus tratos entre colegas de escola, chamados de ijime, são um problema comum no Japão, mas afetam especialmente os estrangeiros.

"As crianças ficam em creches, às vezes, das 7 horas da manhã até as 8 da noite. Diante da dificuldade de acompanhar o ensino em japonês, algumas acabam abandonando a escola. Ficam abandonadas enquanto os pais trabalham, daí encontram amigos por aí e vão praticar furtos", diz Alcides Tanaka, presidente da Associação de Brasileiros de Toyohashi.

Para evitar a evasão escolar das crianças brasileiras, as prefeituras japonesas estão contratando profissionais para ajudar os alunos com maiores dificuldades de adaptação. É o caso de Hamamatsu, a cidade japonesa com o maior número de brasileiros, cerca de 15 mil, entre seus cerca de 700 mil habitantes.

Além das aulas de reforço, há um acompanhamento das relações das crianças na escola. "Se os alunos não estão se dando bem com os colegas, os orientadores vão até a escola, aconselhamos, conversamos com os pais. Mas, nem sempre adianta, às vezes os pais mudam de cidade antes que consigamos resolver o problema", explica Yoshio Ogai, da Comissão de Educação de Hamamatsu.

A mudança de cidade é comum entre os brasileiros no Japão, que às vezes se deslocam até mais de uma vez no período em que dura um ano escolar em busca de empregos mais rentáveis. Segundo Ogai, há ainda um trabalho de conscientização com os pais sobre a importância de manter os filhos na escola.

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