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GO: Padre presta esclarecimentos sobre morte

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás - 05 de fevereiro de 2007 - 18:33

Em depoimento prestado hoje ao juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia, o padre Antônio Donizete Guimarães, que conviveu durante 23 anos com o padre Moacir Bernardino, 10 destes na Casa Paroquial Bom Jesus, disse desconhecer que ele e o sacristão Dairan Pinto - acusado da morte do padre Adriano Curado - fossem homossexuais nem que padre Moacir já tivesse realizado algum desfalque. Para Antônio, pelo fato de ser vigário-geral, pertencer ao Conselho Presbiterial e de Consultores, padre Moacir tinha plenas condições de pedir ao arcebispo de Goiânia a remoção de padre Adriano da Casa Paroquial, caso quisesse.

Segundo garantiu, ao chegar à paróquia a vítima foi muito bem acolhida e apresentada por padre Moacir ao conselho pastoral. "Padre Moacir era uma pessoa muito honesta e sincera. Procurava dar formação moral e religiosa às pessoas e o ambiente na casa paroquial sempre foi de respeito. Não havia falcatruas nem orgias", assegurou, afirmando que, embora na época do fato estivesse no seminário, sempre visitava a paróquia.

Sobre Dairan, disse que o conhece desde 1994 e trata-se de pessoa humilde, de família simples e muito calado. "Nunca notei nada de estranho na conduta moral dele nem em sua relação com padre Moacir", observou. Dizendo-se indignado com as imagens publicadas na televisão sobre uma viagem realizada por padre Moacir com um grupo de seminaristas, afirmou que participou da excursão e comentou que o que foi noticiado representa apenas uma pequena parte da viagem, vez que não mostrou as visitas feitas a pobres no sertão e as celebrações. "As imagens de um dos rapazes passando óleo em padre Moacir não dizem nada. Coisa natural. Queriam que ele pedisse para quem passar? Para uma senhora casada? Uma moça solteira? Éramos nós mesmos que passávamos, sem problemas", esclareceu.

Também ouvido, o tesoureiro Fábio Ferreira Leão, que trabalha na tesouraria da Cúria Metropolitana desde o ano 2000, disse não ter conhecimento de desfalques realizados por padre Moacir que, segundo garante, era uma pessoa bastante exigente com a prestação de contas e fazia questão de cópias de todos os recibos. "Nunca o vi pegando dinheiro da Igreja para benefício próprio", afirmou. Fábio disse ainda que todo mês de janeiro padre Moacir prestava contas de sua administração referente ao ano anterior em uma assembléia geral. Também ele disse nunca ter notado qualquer envolvimento homosseuxal entre padre Moacir e Dairan.

Caso

Padre Adriano Moreira Curado morreu na manhã de 17 de abril de 2002. De acordo com denúncia do MP, padre Moacir atuava na Casa Paroquial Bom Jesus, onde morava havia sete anos e mantinha relacionamento homossexual com Dairan, que era seminarista. Consta que, além do homossexualismo, a conduta de ambos era criticada pelo fato de se utilizarem do dinheiro da Igreja para finalidades particulares. Padre Adriano morreu um dia depois de se mudar para a paróquia, que passaria a ser administrada por ele, no lugar do Padre Moacir, que ocupava a função anteriormente.

Para o MP, foi o medo de que o novo pároco descobrisse suas condutas que motivou o crime praticado por Dairan, a mando de Moacir. Na manhã do crime, Padre Adriano tomou café da manhã no refeitório e depois subiu para as preces matinais. Minutos depois, um dos seminaristas desceu correndo a escadaria do sobrado informando que Adriano estava passando mal, como se alguém o tivesse enforcado.

Levado ao Hospital Samaritano, morreu sob o diagnóstico de parada cardíaca. Investigações posteriores levaram o MP a denunciar Dairan e Moacir de terem envenenado padre Adriano com a substância organoclorato, que foi encontrada em suas vísceras por peritos do Instituto Médico Legal (IML). A tese da promotoria é de que o veneno foi administrato durante o café da manhã.(Patrícia Papini)

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