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Gente sincera dá dicas de como dizer coisas difíceis, como "você tem mau hálito"

Paula Maciulevicius, Campo Grande News - 06 de setembro de 2013 - 06:39

Da falta de desodorante ao mau hálito, verdades difíceis, mas que precisam ser ditas por alguém. (Fotos: Marcos Ermínio)
Da falta de desodorante ao mau hálito, verdades difíceis, mas que precisam ser ditas por alguém. (Fotos: Marcos Ermínio)

A vida em sociedade às vezes prega algumas peças. No trabalho, em casa, no meio familiar, ou círculo de amizades, entre os relacionamentos formais ou nem tanto, pelo menos uma vez na vida a gente já se pegou numa situação de falar ou não para aquela pessoa que ela está com mau hálito ou que o desodorante já expirou.

É o que se pode chamar de verdades inconvenientes. Todo mundo diz que gostaria de ser avisado, mas na hora de dar o toque ao amigo, o constrangimento é tanto que muita gente prefere ficar quieto ou no máximo, oferecer uma balinha. Aliás, registro aqui que sempre tive o pé atrás com halls ou chicletes oferecidos eventualmente.

Com o lance do desodorante, certa vez alunos do Ensino Médio resolveram, de um modo nada sutil, dizer a uma colega que ela precisava ‘renovar’ ou talvez trocar o desodorante. Durante uma aula, entregaram o produto para ela num saquinho. Constrangimento dela e de quem ali perdeu a chance de falar a verdade com jeitinho.

Para a situação, acredito que vale a máxima de se colocar no lugar da pessoa. No entanto, as verdades difíceis de dizer às vezes esbarram no nível de intimidade que se tem ou não com a vítima do odor.

Vamos melhorar aí, porque está difícil. É na brincadeira que Thiago tenta dizer as verdades.
"Vamos melhorar aí, porque está difícil". É na brincadeira que Thiago tenta dizer as verdades.
“De hálito eu não falo, se tiver dou uma balinha. Mas desodorante, aí eu falo mesmo ‘vamos melhorar aí porque está difícil’”, conta o auxiliar de ótica, Thiago Moreira, de 28 anos. Para ele é na brincadeira que está a melhor forma de se dizer certas verdades.

Só que quando o mau hálito é incômodo diário, ele usa das indiretas. “A gente conta falando de outra pessoa, dizendo que é difícil aguentar. Às vezes ele se liga... Comigo já resolveu”, garante. Está aí uma dica.

A supervisora de salão de beleza, Carmen Pinheiro, de 53 anos, não tem papas na língua. A melhor forma ela explica que é ser direto. “Se tiver que falar eu falo: você está com mau hálito, dá um jeito. Agora o desodorante é terrível, eu já perguntei: você não usa colônia? Pois deveria usar. Odeio gente fedida”, desabafa.

E quem é que gosta, não é mesmo? O educador Joaquim Almeida, de 44 anos, não viu saída a não ser dizer para o tio que ele precisava investir na saúde bucal. A situação chegou a tal ponto que o rapaz não parava com namorada nenhuma.

“Eu falei uma vez, olha posso te falar uma coisa? Preparei bastante e disse: compra uma boa escova, um creme dental e vai para a sua casa dar uma geral, porque está terrível. No fim ele me agradeceu”, conta.

Supervisora de salão diz que fala na lata mesmo. Além de ser direta, odeia gente fedida.
Supervisora de salão diz que fala na lata mesmo. Além de ser direta, odeia gente fedida.
O Lado B foi ouvir a opinião de quem é especialista em etiqueta. Uma forma de orientar quem vive no dilema do falo ou não falo. A professora Heloísa Helena Trindade começa a explicação partindo do princípio de que ninguém assume que não tem a higiene pessoal bem tratada e que o assunto merece muita sensibilidade. “Existem formas delicadas, sem magoar a pessoa”, completa.

Papel e caneta, anote aí as dicas de como se dizer verdades inconvenientes:

1 – “Já ouviu falar daquele novo creme dental? E daquele enxaguante bucal?” A dica aí é ir falando marcas e elogiar, por exemplo: “Deixa o hálito tão gostoso, suave”, ensina Heloísa.
2 – Sugira, o lance sempre está na abordagem de uma sugestão. “Fala das vantagens de tal desodorante, colônia, a pessoa vai pensar depois isso em casa. Por que será que ele falou aquilo para mim?”
3 – Em confraternizações, ou quem troca de presentes, a solução também pode estar em um bom e reforçado kit de perfumes. “Um pacote de presente de uma marca bacana, mas de forma que não humilhe quem está recebendo”.

Por fim, ela diz que o problema é serio e tem que ser conversado com cuidado. “Não existe maneira, é delicadeza, carinho”.

Se depois disso você ainda não arrumou um jeito de dizer do mau hálito do colega, existe um site que pode fazer isso. A Associação Brasileira da Halitose tem um espaço chamado “SOS Mau Hálito”, a descrição já diz tudo. “Esta área é destinada a pessoas que têm um amigo(a) portador(a) desse problema e ficam constrangidas de informá-lo(a)”. O site se propõe a enviar um e-mail ou uma carta a pessoa anonimamente. Se essa for a sua escolha na hora de dizer a verdade inconveniente, aqui vai: http://www.abha.org.br/sosmauhalito.

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