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Geral

Genes de aranhas podem beneficiar indústria e área médic

Fernanda Diniz - 16 de setembro de 2004 - 09:31

A resposta para a obtenção de fios mais resistentes e flexíveis que podem beneficiar vários setores da indústria e a área médica, mais especificamente a sutura, está na própria natureza. A manipulação das proteínas encontradas nas teias de espécies de aranhas da biodiversidade brasileira – coletadas em três diferentes biomas: mata atlântica, Amazônia e cerrado - mostrou aos cientistas que a fibra da teia de aranha é um dos fios mais resistentes e flexíveis da natureza, capaz de agüentar o peso da própria aranha a 80 quilômetros de altura. Com esse conhecimento “em mãos”, pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP) e Instituto Butantã se uniram para isolar os genes dessas aranhas e investir em técnicas de engenharia genética que permitam aproveitar essas características em prol do desenvolvimento industrial .

A primeira etapa de isolamento dos genes de interesse dessas aranhas já foi cumprida, como explica o coordenador da pesquisa na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Elíbio Rech. O próximo passo será colocar esses genes em algodão para produzir fios mais resistentes que, a princípio, atenderão à indústria têxtil. O objetivo, como explica Rech, é conseguir que a proteína da teia de aranha seja incorporada à fibra do algodão, tornando-a mais resistente. “Os avanços da indústria têxtil levaram a máquinas muito rápidas. Os fios do algodão não resistem a essa rapidez e se quebram”. Por isso, são necessários fios mais resistentes e, acima de tudo, mais flexíveis, para suprir essa indústria.

Segundo Rech, o que interessa de fato à indústria é conseguir reunir resistência e flexibilidade. O novo tecido, resultante do desenvolvimento dessa pesquisa, pode ter aplicação direta para a confecção de roupas esportivas e equipamentos de segurança, por exemplo. Por isso, despertou o interesse do Ministério da Defesa, depois de uma palestra apresentada por Rech no Instituto Militar de Engenharia (IME), no Rio de Janeiro.

Mas as pesquisas com as proteínas das aranhas brasileiras não param por aí. Segundo o pesquisador, a transferência de seus genes para plantas de algodão é apenas uma das aplicações para essa tecnologia. Os cientistas pretendem também desenvolver plantas de soja transgênicas com genes das aranhas e utilizar animais como biofábricas para produção do polímero no leite de forma a obterem o fio.

As pesquisas ainda estão em fase inicial, mas como explica Rech, o mais importante foi conseguir dominar essa tecnologia, que pode resultar em inúmeras aplicações e benefícios para o desenvolvimento de diversos setores da economia brasileira. “Além disso, o fato de os estudos serem baseados em aranhas brasileiras permite agregar valor à nossa biodiversidade, o que já é muito positivo”, como afirma Rech.



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