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Geral

General brasileiro fará parte de comando militar americano pela primeira vez

Correio do Estado - 14 de fevereiro de 2019 - 11:40

O Brasil terá, pela primeira vez, um general integrado ao Comando Sul, a unidade que coordena os interesses estratégicos e militares dos Estados Unidos na América do Sul, na América Central e no Caribe.

O Exército designou o general-de-brigada Alcides Valeriano de Faria Júnior, hoje chefiando a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada, de Ponta Grossa (PR), para o cargo.

A negociação vem desde o começo do ano passado. Ela foi acelerada agora porque o atual titular do cargo que o general irá ocupar, um chileno, decidiu deixar o posto antes do prazo previsto, em novembro.
Faria Júnior será subcomandante de interoperabilidade do Comando Sul, responsável por ajudar a comunicação entre forças na região. Ele deverá ir em março para Doral, na Flórida, onde fica sediado o órgão.

A indicação de um brasileiro para a função inédita foi revelada nesta quarta (13) pelo jornal Valor Econômico, que citou um discurso ao Senado americano do chefe do Comando Sul, almirante Craig Faller, sobre o caso.

Faller esteve no Brasil nesta semana para falar sobre cooperação militar e a crise na Venezuela, tendo se encontrado com o chanceler Ernesto Araújo e com oficiais no Ministério da Defesa.

O fato de a negociação já estar avançada desde o governo passado desautoriza a especulação de que a indicação faz parte da determinação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de forjar uma aliança ampla com a gestão de Donald Trump nos EUA.

Na prática, contudo, ela cai como uma luva para essa intenção. O inegável simbolismo é grande e será explorado por adversários e apoiadores do governo, já que até aqui o Brasil só teve cargos de comando em missões multilaterais sob o guarda-chuva da ONU, com exceções históricas como a intervenção militar liderada pelos americanos na República Dominicana, em 1965.

Hoje, o Brasil tem cooperação com dezenas de países, geralmente com o envio e recebimento de oficiais para funções de instrução em academias militares, além da participação em missões das Nações Unidas como a que patrulha as águas do Líbano, que é comandada por brasileiros.

Não se trata, contudo, de algum prelúdio para o uso conjunto da força contra a ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela.

A área militar brasileira é contrária a uma ação no vizinho, defendendo que ela seria catastrófica para venezuelanos e também para o Brasil, que receberia um fluxo ainda maior de refugiados pela fronteira em Roraima.

O Comando Sul abriga cerca de 1.200 militares e civis, sendo um dos dez existentes no mundo. Seis têm abrangência geográfica, cobrindo todo o globo na defesa de instalações e interesses americanos.

Outros quatro têm funções operacionais específicas e atendem a todos os demais, como os comandos de Transporte ou de Cibernética. Apenas os EUA têm esse tipo de capacidade de projeção de força por todo mundo hoje.

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