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Gel brasileiro antiaids é testado na Inglaterra

Adriana Brendler /ABr - 26 de janeiro de 2008 - 13:06

Brasília - Desenvolvido há 13 anos pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em conjunto com a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Fundação Ataulpho Paiva, um gel brasileiro a base de algas marinhas para prevenção da aids está sendo testado na Inglaterra. Utilizado por mulheres antes das relações sexuais, o gel microbicida está sendo avaliado desde o início do mês no Saint George’s Medical School, de Londres, instituição especializada em testes em tecidos da região genital feminina, como a vagina e o colo do útero.

De acordo com a coordenadora do Laboratório de Virologia da UFF, Isabel Paixão, os testes são feitos a partir da técnica de explantes, que permite que tecidos humanos sejam retirados e mantidos vivos em laboratório para a aplicação de substâncias. Segundo ela, a tecnologia está sendo transferida e passará a ser utilizada no Brasil ainda este ano, para o teste tanto do gel como de outros tipos de substâncias de interesse médico.

“A grande contribuição da Inglaterra é que eles estão trazendo uma técnica que nós não tínhamos, mas ela é simples e será facilmente realizada no Brasil”, disse a pesquisadora responsável pelos estudos que comprovaram o efeito das algas contra o HIV.

Encontrado em algas marinhas pardas não-tóxicas encontradas em abundância no Atol das Rocas (RN), mas presentes em outros pontos do litoral brasileiro, o agente químico que serve de matéria-prima para o gel é capaz de inibir em até 95% a multiplicação do vírus da aids. A substância foi isolada pela pesquisadora Valéria Teixeira (UFF) entre 1995 e 2000. A partir de então, as pesquisas passaram a envolver também cientistas do Instituto Osvaldo Cruz e da Fundação Ataulpho de Paiva.

Ao mesmo tempo é avaliado em Londres, o gel começou a ser testado este mês no Brasil em camundongos. De acordo com a pesquisadora da UFF, até agora não foram encontrados efeitos tóxicos, repetindo resultados anteriores alcançados em células humanas sangüíneas isoladas em laboratório.

Para Paixão, a ausência de toxidade, o baixo custo de produção e a autonomia que o produto pode dar às mulheres na prevenção à aids são as principais vantagens do gel em estudo. “A maior importância [do gel] é dar à mulher certa independência. Ela pode se prevenir mesmo se o homem não quiser usar camisinha”, destacou.

Os testes que começaram este mês em Londres e prosseguem até o final deste ano tanto na Inglaterra como no Brasil. Em caso de resultado positivo, o gel poderá ser testado em mulheres a partir de 2009.

A estimativa da pesquisadora é que a fase clínica, de testes em humanos, dure até dois anos, antes que o gel possa ser definitivamente aprovado. Somente então, pode se pensar num processo de produção em escala. A cientista alerta, no entanto, que o gel não substituirá o uso de preservativos na prevenção de outras doenças sexualmente transmissíveis, já que sua ação protetora diz respeito apenas ao HIV.



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