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Gato que tinha Bolsa Família já morreu há anos, diz dono
O ex-coordenador do programa Bolsa Família em Antônio João, Eurico Rosa, contou hoje ao Campo Grande News que o gato Billy, que recebeu durante 7 meses o benefício, já morreu há muitos anos. Minha mulher teve esse gato há muito tempo, quando a gente ainda estava começando o namoro, confessa.
Sobre o escândalo que nesta semana veio à tona, Eurico diz que se deu mal porque não avisou a esposa sobre a fraude de ter inserido o gato no cadastro, para receber o Bolsa Família. Ela não sabia de nada, quando o agente de saúde foi até lá em casa para perguntar onde estava o Billy, ela contou que era um gato, detalha Eurico.
O ex-servidor público, concursado desde 2006 e exonerado depois de descoberta a maracutaia, diz que escreveu uma carta com pedido de desculpas à população e repassou à rádio local, a mesma emissora que em novembro deu o sinal para que a fraude fosse revelada.
Diante do sumiço da criança beneficiada pelo programa, a rádio começou a convocar os pais de Billy para a pesagem obrigatória. Como ninguém apareceu, o agente de saúde foi até a casa do ex-coordenador e a esposa acabou revelando a fraude.
Eurico conta que já recebia o benefício referente a um sobrinho da esposa, desde 2005, que realmente freqüenta o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e mora com o casal. Por desespero, ele diz que resolveu inserir também o gato. Estava passando por sérias dificuldades financeiras, e achei que não ia dar em nada, comenta sem detalhar quais contas eram essas.
Sobre perder o emprego, por apenas R$ 20,00 ao mês (valor da Bolsa), Eurico é curto. Eu estava com problemas.
Liberdade Para o ex-coordenador, o próprio programa é de certa forma responsável por esse tipo de crime. Qualquer gestor insere quem quiser lá. Tive liberdade e fiz, o que deve acontecer muito por aí. O problema é que eu não fiz direito, admite.
"A gente não tem de repassar documentos para a coordenação nacional, só os dados", relata sobre a facilidade que teve para registrar o gato com o nome de Billy Siqueira da Rosa, com até data de nascimento e cartão magnético emitido para o saque mensal.
Na cidade, Eurico diz que não sofreu qualquer retaliação popular, apesar de ter perdido o emprego. O risco de prisão ou outra pena estabelecida pela Justiça é enfrentado com tranqüilidade, garante o ex-coordenador. Só tenho de pedir desculpas, principalmente para as famílias do Bolsa, conclui.