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Funasa divulga nota sobre morte de criança indígena

Dourados News - 25 de fevereiro de 2005 - 08:38


Leia na íntegra a nota de esclarecimento da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) sobre o quarto caso de morte por desnutrição de indígena em Dourados.

Nota: No dia 24/02, uma menina de um ano e três meses, da etnia Guarani-Kaiowá, residente na aldeia Bororó, do município de Dourados (MS), veio a falecer às 3h. A menina, que tinha síndrome de Down, apresentava quadro de desequilíbrio hidroeletrolítico grave (desidratação), infecção intestinal e desnutrição protéico calórica.

A menina recebia acompanhamento das equipes multidisciplinares da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) há cerca de um ano. A equipe de médicos, enfermeiros e agentes de saúde nas aldeias, semanalmente realizam avaliação de peso e estatura de 90% das crianças menores de cinco anos em todo o estado.

A criança passou por duas pesagens. Como foi constatada perda de peso, programou-se a internação para esta sexta-feira (25). Na madrugada, entretanto, a criança, que nasceu com baixo peso em função da síndrome de Down, teve o quadro agravado. As equipes de atendimento foram chamadas de imediato providenciaram a remoção para o Centro de Reabilitação Nutricional de Dourados (Centrinho). A menina, porém, não resistiu, vindo a falecer no caminho.

A Funasa tem acompanhado a situação da desnutrição infantil em Dourados em conjunto com outros órgãos do Governo Federal como o Ministério do Desenvolvimento Social e a Fundação Nacional do Índio. No dia 22/02, o presidente da Funasa, Valdi Camarcio, e o diretor do Departamento de Saúde Indígena da Fundação, Alexandre Padilha, estiveram na região para acompanhar de perto as ações desenvolvidas. Na oportunidade, decidiu-se pelo reforço da equipe médica que trabalha no local, com o envio de mais um grupo composto de médicos, enfermeiros e educadores em saúde. Além disso, a Fundação forneceu mais dois veículos às equipes locais para agilizar o atendimento à população.


Entre as ações já em curso destacam-se:
- Ampliação da vigilância nutricional para gestantes;
- Parcerias com a Funai, Ministério do Desenvolvimento Social, organizações sociais locais, prefeituras, conselhos de defesa da criança para o cuidado das crianças e das famílias que estão abaixo da curva nutricional;
- Transferência da chefia do Departamento de Saúde Indígena (Dsei) para Dourados por tempo indeterminado;
- Descentralização das unidades de referência para reabilitação nutricional, implantando-as em outros quatro municípios: Paranhos, Japorâ, Murandae e Amambaí;
- Instalação de uma casa de reabilitação nutricional em aldeia de Amambaí;
- Constituição de um comitê conjunto na prefeitura de Dourados, Funasa, Funai, Conselho Local de Saúde, profissionais da educação indígena e sociedade local para articular as ações de redução da descentralização e mortalidade infantil.

Estas ações são complementares a medidas em curso desde 2004 que têm contribuído para a queda da desnutrição infantil de Dourados, como a implantação do Programa de Vigilância Alimentar e Nutricional pela Funasa e conveniada local. A ação de atenção básica visa diagnosticar e acompanhar o estado nutricional da população, principalmente de grupos vulneráveis como crianças menores de cinco anos, identificando os casos de risco nutricional, e suas causas, para o subsídio de intervenções adequadas.

Os dados do programa mostram que entre 2003 e 2004 houve redução da desnutrição em crianças menores de cinco anos de idade na região. Em 2003, 15% das crianças avaliadas apresentavam desnutrição e 16% estavam em risco nutricional. Estes percentuais caíram em 2004 para 12% de casos de desnutrição e 15% de risco nutricional. Este último são crianças que ainda não apresentam desnutrição, mas que já precisam de atenção por parte das equipes de saúde e dos cuidados familiares e da comunidade. O programa atende 90% das crianças indígenas menores de cinco anos.

Destacam-se, ainda, as ações no Centro de Reabilitação Nutricional-Missão Kaiowá de Dourados (Centrinho), credenciado pelo Sistema Único de Saúde. Depois de sua criação, no final de 2002, o percentual de reincidência de crianças tratadas por desnutrição, que tiveram alta-, caiu de 60%, em 2002, para 31%, em 2003, e 10% no ano passado. Em 2004, ano em que foi concluída a revitalização do Centrinho, obteve-se a menor taxa de óbitos por desnutrição (quatro contra 17 no ano de sua instalação).



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