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Funai quer PF na investigação das mortes dos policiais

Juliana Andrade/ABr - 03 de abril de 2006 - 18:49

A Fundação Nacional do Índio (Funai) quer que a Polícia Federal assuma as investigações sobre o assassinato de dois policiais civis por índios guarani-kaiowá num acampamento indígena na localidade de Porto Cambira, em Dourados (MS), a cerca de 260 quilômetros de Campo Grande. O crime ocorreu no sábado (1°). Segundo o delegado, Fernando Paciello Júnior, assessor de comunicação da Polícia Civil do estado, seis índios acusados de participação no crime foram presos e autuados em flagrante.

De acordo com o delegado, Rodrigo Lorenzatto e Ronilson Magalhães Bartie foram assassinados a tiros, pauladas e facadas. Outro policial que fazia parte do grupo, Emerson José Gadani, ficou ferido, mas conseguiu fugir e foi levado ao Hospital Evangélico de Dourados, onde permanece internado, sem risco de morte.

Os índios teriam atirado nos policiais com armas que teriam tomado dos próprios agentes. "Foi uma seqüência de crimes, eles torturaram os policiais e depois mataram", disse Paciello. A Polícia Civil está à procura de outros indígenas envolvidos no crime, de acordo com o delegado. "Os próprios índios disseram que vários outros participaram". Segundo ele, as investigações contam com o apoio de policiais federais.

O procurador da Funai Otávio Uchoa viajou para Dourados para acompanhar o caso. De acordo com o presidente em exercício da Funai, Roberto Lustosa, em conversas com autoridades locais, Uchoa pedirá que, por medida de segurança, os índios sejam transferidos de uma delegacia da Polícia Civil em Dourados para a carceragem da Polícia Federal.

"Há um clima de muita revolta contra os índios e estamos preocupados com a segurança deles, por isso gostaríamos que eles fossem transferidos". Para Lustosa, colocar a Polícia Federal à frente do caso seria uma forma de tornar as investigações "mais isentas".

"Gostaríamos que a Polícia Federal assumisse o comando das investigações, sobretudo pelo fato de os policiais mortos serem da Polícia Civil e de o fato ter ocorrido em terras indígenas, envolvendo indígenas como acusados". Lustosa esclareceu que o acampamento é considerado terra indígena, já que a área foi atribuída aos guarani-kaiowás em caráter provisório pela Justiça Federal, por solicitação da Funai e do Ministério Público.

De acordo com o delegado Fernando Paciello, os policiais foram até o acampamento para procurar um suspeito de ter matado um pastor evangélico. Os agentes estavam de plantão no sábado à tarde, quando receberam um telefonema informando que o foragido estava escondido na região e foram ao local para checar a denúncia.

"Os policiais chegaram lá, eles [os índios] sabiam quem eram, eles abordaram os policias civis e partiram, dezenas deles, com uma atitude criminosa", contou Paciello. Mas, segundo Roberto Lustosa, os índios apresentaram outra versão aos funcionários da Funai. Disseram que os três agentes estavam à paisana e que chegaram em carro sem identificação da Polícia Civil.

"Eles disseram que não tinha nenhuma maneira de identificá-los como policiais e que entraram, naturalmente, sem qualquer aviso prévio", contou o presidente em exercício da Funai.

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