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Frigorífico só paga o pecuarista pela carcaça do boi diz

Informe Agropecuário - 26 de outubro de 2007 - 13:17

O aproveitamento de praticamente 100% do boi pelos frigoríficos remunerando apenas a carcaça aos produtores foi tema de discussão do 7º Café da Manhã com a Imprensa, realizado pelo Sindicato Rural de Campo Grande, nesta sexta-feira, dia 26. De acordo com dados apresentados no encontro, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Corte), a cada quatro animais abatidos um é ganho pelo abatedouro por conta do alto aproveitamento de seus sub-produtos, como sebo, couro e miúdos – não remunerados ao criador.

Atualmente as indústrias pagam apenas pela carcaça, fato que segundo o presidente do SRCG, José Lemos Monteiro, só ocorre no Brasil. “Em todo o mundo o produtor é remunerado pelo quilo vivo, apenas aqui somos pagos pela carcaça, sendo que produzimos o sebo que vira sabonete, combustível, o couro que se torna calçados e muito mais”, pondera.

O couro hoje é o principal sub-produto de origem bovina, representando cerca de 40 quilos (17% de um animal). É exportado para vários países, rendendo mais de 2 bilhões de dólares ao ano – mas nada é repassado ao criador.

Outro sub-produto bastante valorizado são as pedras retiradas da bílis do animal, usado para estimular as ostras a produzirem pérolas, “vendido a preço de ouro para esse segmento, mas que não vemos a cor do dinheiro”, ressaltou o produtor e leiloeiro rural, Tonhão.

Conforme o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Gelson Feijó, os frigoríficos conseguem lucratividade através desses produtos retirados dos animais e que não são pagos aos pecuaristas. “Se ele fosse depender da carcaça teria prejuízos, pois entre o que ele paga e vende aos varejistas, perde pelo menos 2%”, afirma, revelando dados de uma empresa que paga R$ 936,00 por uma carcaça e a vende a R$ 906,00 ao varejo.

Desta forma fica evidenciado que é com os sub-produtos do boi que as indústrias conseguem obter lucratividade, que é maior dependendo do tipo de exploração e dos clientes que possui.

E na carne, quem mais sai ganhando são os varejistas, já que em uma carcaça remunerada em R$ 4,00 o quilo ao produtor, ele vende a R$ 14,00 o quilo do filé, ou entre R$ 14,00 e R$ 20,00 o quilo da picanha.

Leite

Outra questão abordada pelos representantes do setor agropecuário no encontro foi o leite, que em plena entressafra e escassez de produção apresentou queda entre R$ 0,10 e R$ 0,15 nos preços pagos ao produtor em Mato Grosso do Sul. De acordo com o coordenador do departamento de leite do SRCG, Denis Vilela, não há justificativa para isso estar acontecendo. “Houve queda de até 60% da entrega dos produtores aos laticínios por conta das condições atuais. Não há justificativa para essa realidade”, avalia.

Por causa da estiagem a produção do Estado está cerca de 50% menor. Apesar das recentes chuvas, o alimento para o gado leiteiro só deve brotar e ficar pronto para o consumo em, pelo menos, 60 dias – isso se a chuva continuar em um volume de, no mínimo, 20 milímetros por semana.

As indústrias, segundo o coordenador, justificam a queda vinculando a diminuição das exportações e a produção de leite longa vida. “Mas em todos os gráficos que vemos a exportação cai junto com a importação, então não estamos tendo prejuízos”, ressalta.

Outro fator apontado como influenciador na queda do preço do leite, não só no Estado, mas em todo o País, é a polêmica da recente descoberta de leite adulterado em Minas Gerais. Em uma reunião da Comissão Nacional da Pecuária Leiteira da CNA, ocorrida em 25 de outubro, em Brasília, onde Vilela representou Mato Grosso do Sul entre nove unidades da federação presentes, foi discutida a descoberta de soda cáustica em leite industrializado por cooperativas de Minas.

A fraude, que foi identificada em duas das 105 cooperativas do estado, se realmente está influenciando no preço do leite, pode estar prejudicando injustamente todas as demais. No Brasil, são 7.603 cooperativas, que possuem 7,3 milhões de produtores associados.

Todas as indústrias possuem fiscalização do Ministério da Agricultura. Conforme comunicado oficial da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Confederação Brasileira das Cooperativas de Laticínios (CBCL) e Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais, (OCEMG), “este é um fato isolado, cujas investigações ainda estão em andamento”. A nota ainda repudia qualquer tipo de fraude e enfatiza que o leite é um alimento nobre, ligado à saúde humana

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