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Fotogaleria: O primeiro campeão da São Silvestre

Em 1925, Alfredo Gomes venceu a primeira edição da prova, e o atletismo ainda segue presente na família do ex-corredor

Redação - 15 de dezembro de 2017 - 09:01

Alfredo Gomes na frente em 2º lugar (Foto: Gazeta Esportiva)
Alfredo Gomes na frente em 2º lugar (Foto: Gazeta Esportiva)

A Corrida Internacional de São Silvestre é o principal marco da temporada do atletismo brasileiro. Há 92 anos, a competição é realizada ininterruptamente e toma conta das ruas de São Paulo. O primeiro a ter a honra de levantar o troféu de campeão foi o paulista Alfredo Gomes, que venceu a edição inicial da prova em 1925.

Antes de brilhar na São Silvestre, Alfredo já tinha iniciado sua relação com o atletismo. Nascido no final do século XIX na cidade de Areias, no interior de São Paulo, o paulista veio para a capital com cerca de 20 anos e não demorou para ter contato com a modalidade.

A identificação com o atletismo foi imediata, visto que Gomes não só representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de 1924, realizados em Paris, como também foi o porta-bandeira do País no evento. Apesar do destaque, voltou da França sem medalhas, mas sua principal conquista ainda estava por vir.

Em 1925, Gomes foi convidado a participar da edição inicial da São Silvestre, tornando-se o primeiro campeão da principal prova do atletismo nacional. O triunfo rendeu ao Clube Esperia, agremiação que o paulista defendeu durante toda a carreira, a taça “A Gazeta”.

Neto de Alfredo, Walter Gomes revelou, em conversa exclusiva com a Gazeta Esportiva, que a conquista e a expressividade de seu avô não foram importantes apenas para a prova, mas também para toda a modalidade no Brasil.

“A conquista da primeira São Silvestre, em 1925, acabou tornando o nome dele muito conhecido em todo o Brasil e isso atraiu muitos atletas. Ele teve uma posição muito importante no crescimento e na popularização do atletismo brasileiro”, declarou.

Além do primeiro título da Corrida Internacional de São Silvestre, Alfredo manteve uma relação de carinho com o Esperia, mesmo quando não atuava mais em competições. Foi no clube, inclusive, que Gomes acabou falecendo, em 17 de março de 1963.

“Ele vinha todos os domingos ao Esperia com os amigos. Nessa manhã, que estava bastante quente, ele fez três quilômetros e sentou-se debaixo das árvores que existem até hoje. Conversando, partiu sorrindo, fazendo o que mais gostava na vida, que era correr”, recordou Walter.

Aliás, o neto de Alfredo acredita que a morte de seu avô tenha acontecido, de certa forma, premeditadamente. Isso porque, dois meses antes do falecimento, foi inaugurado o mausoléu dos esportistas, no Cemitério São Paulo.

“É uma coisa de premonição. Através da diretoria da Associação dos Veteranos de Atletismo de São Paulo, em janeiro de 1963 foi inaugurado o mausoléu dos esportistas. Lembro de uma forma muito clara que meu avô chegou em casa e disse para a minha avó que ele já podia partir, porque a casa estava pronta. Em março, ele inaugurou o mausoléu”, revelou.

A relação de Gomes com o Clube Esperia mantém-se até os dias atuais. O presidente da entidade, Osmar Monteiro, destacou que a importância de Alfredo ainda é grande. “É um atleta que é símbolo, mesmo porque nosso clube é forte no atletismo, então ele foi o precursor e fez com que essa modalidade esportiva se fixasse aqui no Esperia”, afirmou o dirigente.

Assim como influenciou o atletismo em âmbito nacional, não foi diferente com sua própria família. Neto de Alfredo, Walter prepara-se para disputar sua terceira São Silvestre consecutiva em 2017, ainda que tenha iniciado na modalidade por questões de saúde.

“Posso dizer que meu avô foi o maior ídolo da minha vida. Sempre tive o sonho de correr a São Silvestre para homenageá-lo. Um dia, tive um apagão do nada e deparei-me com a história de que tinha que me cuidar para não morrer. Acabei entrando para a atividade física sempre pensando em um dia chegar à prova. Até que, em 2015, inscrevi-me na São Silvestre e participei pela primeira vez”, contou.

Aliás, Walter destacou que a principal dificuldade não foram os 15 quilômetros ou a subida da Avenida Brigadeiro Luís Antônio na parte final da prova, mas sim controlar a emoção de poder, finalmente, concretizar a homenagem a seu avô.

“Foi uma emoção muito forte e indescritível, e tenho certeza de que ele estava comigo, foi um sonho realizado. Só quem participa para saber o que é a festa, foi um teste cardíaco. Fico imaginando como seria meu avô, hoje, ver essa multidão de mais de 30 mil atletas correndo”, disse.

Independentemente se Alfredo estava competindo ou não, o dia 31 de dezembro tornou-se sagrado para a família Gomes e, mesmo após a morte do primeiro campeão da São Silvestre, a data continuou especial. “Desde que ele era vivo, quando não vinha para a solenidade, reunia a família e ficava diante da TV em preto e branco. Era uma forma de começarmos o ano juntos e a prova era marcante por isso”, destacou Walter.

O ano de 2017 não marcará apenas a terceira participação de Walter na São Silvestre, mas sim a presença de dois tataranetos de Alfredo na São Silvestrinha: Pedro, de oito anos, e Julia, de 11, terão seus primeiros contatos com o atletismo, e Walter está animado.

“Não consegui fazer essa sucessão com meus filhos, mas vou tentar passar para os netos. Espero levar essa vontade de praticar o esporte e que eles passem para os filhos deles também”, finalizou.

*Especial para a Gazeta Esportiva

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