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Financiamento público à mídia aquece debate no Senado

Marcos Chagas/ABr - 25 de outubro de 2003 - 08:30

Brasília - Os líderes do PSDB e do governo no Senado, Arthur Virgílio (AM) e Aloizio Mercadante (SP), travaram ontem intenso debate em plenário sobre o financiamento da mídia pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A discussão foi provocada por Arthur Virgílio, com base em entrevista concedida pelo empresário Otávio Frias de Oliveira ao América On Line Notícias.

Na entrevista, Frias afirmou que, em seus 91 anos de vida, nunca viu os meios de comunicação tão endividados, mas alertou que o financiamento dessa dívida pelo BNDES pode comprometer a liberdade de imprensa. “O que interessa ao governo é a mídia de joelhos. Não uma mídia morta. Uma mídia independente não interessa a governo nenhum”, afirmou o empresário.

Mercadante reagiu imediatamente às declarações de Otávio Frias, lidas em plenário por Arthur Virgílio. Segundo o líder do governo, o setor é tão estratégico quanto outros já financiados pelo BNDES, como a indústria naval e a de celulose. “Se essas indústrias podem receber financiamentos do BNDES, por que o setor de comunicação não pode?”, indagou o senador. Ele acrescentou que, ou o Brasil preserva suas empresas de comunicação, ou promove a desnacionalização do setor, como aconteceu com as comunicações e energia elétrica.
Mercadante defendeu, ainda, a participação dos fundos de pensão no capital das empresas de comunicação.

No entender do líder petista, os recursos dos fundos de pensão representam investimentos de longo prazo, que podem fortalecer os meios de comunicação. Sob todos esses aspectos, ressaltou Mercadante, o objetivo do governo é sempre preservar e garantir a mais ampla independência da imprensa. Para lastrear a afirmação, Mercadante buscou a biografia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como prova inequívoca do comprometimento do atual governo com a democracia.

Arthur Virgílio, entretanto, afirmou que tem recebido reclamações de pessoas expressivas da sociedade, inclusive jornalistas, “de uma certa intolerância do governo”. O líder tucano se disse
“inquieto por perceber um certo viés autoritário” e disse que está apurando uma denúncia, que recebeu nesta semana, sobre possível determinação do “núcleo duro” do governo de mandar investigar a vida de um adversário política. Da tribuna, o senador não quis entrar em detalhes, porque ainda não tem provas, mas prometeu voltar ao assunto na semana que vem.

O senador criticou também a decisão do governo de editar o periódico “Em Questão” para divulgar seus atos. Ele pediu à Radiobrás que não envie para sua casa essa publicação, que comparou ao "Pravda", jornal estatal da extinta União Soviética.

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