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Filosofias de criação: rotina definida pelo bebê

BabyCenter - 04 de maio de 2016 - 09:00

Não existe nenhuma obrigatoriedade de criar uma rotina para o bebê. Tudo vai depender do seu temperamento, do modo como sua casa funciona e da sua personalidade como mãe (ou pai). Os tipos de rotinas apresentados pelo BabyCenter são filosofias diferentes de criação, e cabe somente a você escolher uma delas ou não adotar nenhuma.

O que são as rotinas definidas pelo bebê?

As rotinas definidas pelo bebê respondem aos sinais do bebê e tendem a ser bastante flexíveis. Nesse tipo de rotina você "vai pelo bebê", ou seja, procura nele os sinais que indicam o que ele precisa naquele momento, em vez de impor horários de alimentação, descanso e brincadeiras.

Isso não significa que seus dias serão completamente imprevisíveis. Após as primeiras semanas, a maioria dos bebês entra em um ritmo bastante regular de sono, atividade e alimentação. No entanto, a rotina do bebê pode variar de um dia para o outro, e vai depender dos sinais que você observar nele.

Por exemplo: na segunda-feira ele mama de hora em hora, faz a última soneca do dia às 16h e toma banho às 19h. Já na terça ele mama menos vezes, adormece às 18h e só vai tomar banho às 21h.

Qual é a lógica por trás dessa rotina definida pelo bebê?

Os pais e especialistas que preferem essa abordagem acreditam que é preciso ir conhecendo os hábitos e preferências individuais de cada bebê. Impor uma rotina predeterminada não é com eles, principalmente quando se trata de um método "tamanho único", feito para todos os bebês de uma certa idade.

Pediatras que defendem esse método dizem que as rotinas definidas pelo bebê dão maior importância ao que realmente importa: o bebê e o que ele está tentando comunicar (e não o desejo de seus pais de ter uma rotina consistente).

Cada bebê é um ser único e individual, e a função dos pais é satisfazer as necessidades do bebê, e não forçar os bebês a satisfazer as deles, dizem os que acreditam neste método. Por exemplo, tudo bem incentivar o bebê a fazer um soninho no meio da manhã ou da tarde, mas é problemático exigir que o bebê durma sempre no mesmo horário, dizem.

O precursor das rotinas definidas pelo bebê é o pediatra norte-americano Benjamin Spock, cujo bestseller escrito em 1946 (traduzido no Brasil como "Meu filho, meu tesouro - Como criar seus filhos com bom senso e carinho", editora Record), revolucionou as ideias convencionais sobre a maternidade e a criação de filhos.

Contrário às teorias rígidas da época, o dr. Spock apresentou a noção de que cada bebê tem personalidade e necessidades próprias, e os pais não precisam obedecer a horários fixos de alimentação e sono. Ele incentivou as mães a amamentar sob livre demanda (ou seja, sempre que o bebê mostrasse sinais de fome), e não em função de horários predeterminados.

Naquela época, em alguns países desenvolvidos, como os Estados Unidos, alguns médicos recomendavam que as mães não amamentassem, e muitos hospitais impunham horários rigorosos de alimentação a cada quatro horas para os recém-nascidos.

Aos poucos, as ideias do dr. Spock foram ganhando campo. Hoje, as principais organizações pediátricas internacionais se opõem às rotinas muito rígidas de alimentação, pelo menos durante o primeiro mês de vida, alertando que podem aumentar o risco de desidratação e de que o bebê não ganhe peso suficiente.

O que se recomenda hoje, durante o primeiro mês, é amamentar o bebê sempre que ele mostre sinais de fome: fica mais ativo, chupa as mãos, vira a boquinha procurando o seio. O choro é um indicador tardio da fome. O recém-nascido deve mamar de oito a 12 vezes cada 24 horas, e não deve ficar mais de 4 horas sem mamar nas primeiras quatro semanas de vida, mesmo que os pais tenham que acordá-lo.

Escolheu a rotina relaxada? Veja como fazer

O primeiro passo é ter certeza de que você está atendendo às necessidades básicas de alimentação, sono e interação do bebê. A rotina vai variar um pouco de um dia para o outro, mas haverá constância nesses três elementos. É diferente de não ter rotina nenhuma.

Passe bastante tempo com o bebê, segurando-o no colo e observando de perto seus sinais. Ele chupa as mãozinhas e começa a "mostrar a língua" quando tem fome? Esfrega os olhinhos e fica mais irritado quando está querendo tirar uma soneca?

Normalmente, os pais começam mesmo a aprender naturalmente estes sinais à medida que vão conhecendo melhor o bebê. Mas, se você pretende seguir uma rotina relaxada, terá que prestar mais atenção ainda no comportamento de seu pequeno.

Muitos pais que tendem a seguir rotinas definidas pelo bebê acreditam nas orientações do pediatra norte-americano William Sears e sua mulher, a enfermeira Martha Sears. A abordagem desse casal, conhecida como "criação com apego" (attachment parenting), defende a criação de um forte vínculo afetivo entre os pais e o bebê, incentivando a proximidade física (carregar o bebê em um sling), a amamentação frequente para garantir nutrição e aconchego, e inclusive a cama compartilhada (colocar o bebê para dormir com os pais). (Eles esclarecem, no entanto, que nada disto é imprescindível para se estabelecer uma rotina flexível com o bebê.)

Durante as primeiras semanas, o casal Sears recomenda que a mãe dê o peito ao bebê sempre que ele queira mamar. Quando a produção de leite estiver bem estabelecida e o bebê começar a entrar naturalmente em horários mais previsíveis para mamar, a recomendação é continuar amamentando com bastante frequência e sem restrições. Só que, a partir daí, os pais podem usar outras formas de confortar o bebê, além do peito.

Nas primeiras 4 a 6 semanas, afirmam os Sears, seu bebê vai querer mamar, em média, cada duas horas, dia e noite. Mas o ritmo da amamentação varia conforme a mãe e o bebê, e depende da "eficiência" do pequeno para esvaziar o seio, do volume de leite da mãe e outros fatores.

De acordo com essa teoria, amamentar seguidamente é melhor tanto para a mãe como para o bebê, porque ajuda a estabelecer uma boa produção de leite e "permite que os bebês recebam mais leite com maior conteúdo de gordura, que é o tipo de leite que contem as calorias necessárias para o crescimento", escrevem eles. (Observação: essa afirmação contradiz as teorias dos que defendem as rotinas definidas pelos pais.)

O casal Sears também incentiva os pais a observar os sinais do bebê com relação ao sono. "Não há como forçar um bebê a dormir", escrevem. Seu método inclui a participação ativa dos pais na hora de ajudar o bebê a pegar no sono, balançando, amamentando, aconchegando etc.

É normal que os bebês acordem de duas a três vezes por noite até os 6 meses de idade, e uma ou duas vezes dos 6 aos 12 meses, diz o casal. Para eles, em vez de fazer de tudo para que o bebê durma a noite toda, os pais deveriam se esforçar em ajudar o bebê a desenvolver uma atitude saudável com relação ao sono.

Do contrário, avisam esses teóricos, o resultado pode ser prejudicial. "Na tentativa de romper o hábito do bebê de acordar no meio da noite, você poder romper também outros vínculos mais delicados com seu bebê", escrevem os Sears.

Vantagens das rotinas definidas pelo bebê

Os fãs das rotinas definidas pelo bebê dizem que vale a pena investir em prestar muita atenção aos sinais da criança, porque isso faz com que os pais desenvolvam a intuição. Diz o casal Sears: "Quando você está em sintonia com seu bebê, é como se algo dentro de você vibrasse em resposta às necessidades do bebê". Muitos acreditam que essa abordagem estimula uma proximidade maior entre os pais e o bebê, resultando numa criança mais feliz.

Seguir uma rotina definida pelo bebê significa também que você não terá uma longa lista de normas rigorosas sobre quando ou como dar de mamar, brincar e colocar o bebê para dormir. As rotinas definidas pelo bebê trazem uma certa dose de liberdade (mas isso não quer dizer que se adaptem melhor às suas necessidades -- é o que diriam muitas mães que já passaram a tarde esperando o bebê pegar no sono). No entanto, comparada às rotinas definidas pelos pais, permitem mais variações, tanto em função das necessidades do bebê como das suas próprias.

Alguns pais que seguem rotinas definidas pelo bebê acreditam que seus filhos são mais adaptáveis --dormem com facilidade em qualquer lugar, em horários diferentes, por exemplo -- porque não foram treinados com rotinas estáticas.

Desvantagens das rotinas definidas pelo bebê

Quando não há uma rotina fixa, pode ficar difícil, nos primeiros meses, determinar o motivo exato do choro do bebê. Será que ele está com fome ou será que está cansado? Será que são gases ou tédio?

Algumas pessoas que criticam esse método -- e a teoria da criação com apego em geral -- chamam esse tipo de rotina de "maratona materna": dizem que as mães se preocupam tanto em estar sincronizadas com o bebê e em responder a cada um de seus sinais que acabam não tendo tempo para si mesmas.

O forte vínculo afetivo que o casal Sears descreve parece perfeito, mas ter de carregar o bebê junto ao corpo o tempo todo e acordar várias vezes no meio da noite para amamentar durante meses (ou anos) pode acabar sendo exaustivo e desanimador, ou simplesmente irreal, principalmente para as mães que trabalham.

Além disso, se só você consegue ler os sinais de seu bebê para determinar suas necessidades, e se ele só dorme no peito, fica praticamente impossível deixá-lo com outra pessoa. É possível, também, que o bebê tenha menos capacidade de se acalmar sozinho e dependa completamente de você para se consolar e pegar no sono.

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