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Filhos:Mães são as principais autoras de violência

Agência Notisa - 27 de outubro de 2005 - 14:59

O Brasil registrou um aumento expressivo, nos últimos anos, no índice de mortalidade por causas externas na faixa etária de 0 a 19 anos. Para se ter uma idéia, em 1999, um quinto do total de óbitos de crianças e jovens até 19 anos foi por causas externas, destacando-se os diversos tipos de violência. Um dado chama a atenção: enquanto os jovens são as principais vítimas da violência extradomiciliar, as crianças são as vítimas preferenciais da violência que ocorre dentro de casa. Com o intuito de identificar crianças que sofreram violência doméstica, Anna Tereza de Moura e Michael Reichenheim da Universidade do Estado do Rio de Janeiro resolveram realizar um estudo, entre abril e junho de 2001, com 245 crianças atendidas no ambulatório de pediatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto.

O serviço de pediatria do hospital presta assistência a crianças de 1 a 12 anos, moradoras de áreas próximas e de outras localidades da cidade. Os responsáveis pelas crianças foram submetidos a um questionário. De acordo com artigo publicado na edição de julho/agosto de 2005 dos Cadernos de Saúde Pública, “nos últimos anos tem havido um crescente reconhecimento de que os serviços de saúde têm um importante papel no enfrentamento da violência intrafamiliar”.

Os pesquisadores identificaram 41 casos de violência familiar contra a criança, a maioria cometida pela mãe. Segundo eles, a disciplina não violenta como forma de resolução de situações de desobediência da criança foi reportada pela maioria das entrevistadas, assim como a agressão psicológica. Chama a atenção, no entanto, o uso de castigo corporal, reportado por 91,3% das mães e por 62% dos pais, e de maus tratos físicos, utilizados por 46,1% das mães e por 19,4% dos pais.
A pesquisa revela também que na relação do casal, a prática de violência física também apresentou índices altos, sendo a maior parte cometida pelos homens. Segundo a equipe, “os resultados referentes à ocorrência de violência marital foram alarmantes, inclusive em relação a atitudes consideradas de extrema violência, como é o uso de armas de fogo. Este cenário identifica a exposição de crianças a ambientes de alto risco para o desenvolvimento de lesões, sejam estas intencionais ou não. Ademais, crianças que testemunham a violência entre seus pais ou cuidadores experimentam uma série de sensações negativas que podem resultar no aparecimento de baixo rendimento escolar, distúrbios de conduta, agressividade, baixa auto-estima, transtornos no sono e doenças somáticas crônicas, entre outros”.

Nesse sentido, os pesquisadores destacam a importância da detecção por parte dos profissionais de saúde de casos de violência contra crianças e adolescentes. “Os serviços de saúde podem desempenhar um papel importante na implementação das modificações necessárias por se apresentarem como locais propícios à revelação dos casos de violência familiar. Esta prerrogativa pode contribuir de maneira decisiva, não só na identificação dos eventos que merecem atuação imediata, mas também para um conhecimento mais consistente da magnitude do problema”, afirmam no artigo.


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