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Fécula de mandioca poderia diminuir importação de trigo

Douradosnews - 17 de agosto de 2006 - 08:51


O Brasil deverá importar este ano em torno de sete milhões de toneladas de trigo, objetivando completar o volume necessário ao seu consumo interno, que é de cerca de 10 milhões de toneladas de grão. O aumento da importação de trigo deve-se à queda na safra brasileira, que será menor em todo o País este ano – em torno de 30%, conforme a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). “É uma incoerência o Brasil comprar trigo estrangeiro se tem a disposição uma matéria-prima que pode substituir parte desta importação”, critica o Presidente da ABAM, Hermes Campos Teixeira, referindo-se ao amido/fécula de mandioca, que pode substituir até 10% do trigo estrangeiro usado no segmento de panificação, e até 40% nos segmentos de massas e biscoitos.

Em entrevistas a veículos de comunicação do Brasil, a Abitrigo (Associação Brasileira das Indústrias de Trigo) o Presidente da entidade, Francisco Samuel Hosken, tem manifestado preocupação com a necessidade do País de importar trigo para suprir seu consumo. As importações atuais de trigo estão girando em torno de 50% das necessidades do grão, conforme notícia veiculada pela Agência Estado, no dia quatro deste mês.

Esta dependência, sobretudo do trigo argentino, que é o maior exportador para o Brasil (95% do total importado) está provocando aumento de preços do trigo no País, e movimentações dos industriais do setor no sentido de tentar fazer o Governo reduzir a zero a TEC (Tarifa Externa Comum) para as importações de trigo de fora do Mercosul. O Governo não se rendeu à pressão dos industriais do setor de trigo brasileiros, decidindo manter a TEC em 12% (conforme a Agência Estado, 14.08.06).

Com a quebra de safra também na Argentina, devido à estiagem, aliada à restrição às exportações, impostas por aquele País, a Abitrigo fala em desabastecimento no Brasil. Hosken declarou à Agência Estado que se houver dificuldades para importar trigo da Argentina, os moinhos vão buscar a matéria-prima em outros países. “Não vamos deixar de abastecer o mercado. Vamos pagar o preço que for, mesmo que gere um custo mais alto para o consumidor”, disparou.

Na mesma linha de raciocínio, o Presidente do Sindicato da Indústria do Trigo do Estado de São Paulo, Luís Martins, em entrevista ao Programa Globo Rural (TV Globo, dia 13.08.06) ressalta que o Brasil terá de importar trigo também do Canadá, Estados Unidos, Rússia, Ucrânia e Polônia. Isso contribuirá para aumentar os gastos com exportações do grão, visto que para trazer trigo desses países o Brasil terá de investir ainda mais capital, pelo fato de serem países distantes, que não usufruem das isenções de impostos do Mercosul. “O produtor nacional vai ficar contente, porquê o trigo vai custar mais”, declarou Martins na entrevista ao Globo Rural.

“Com uma simples quebra de resistência dos grandes importadores de trigo do Brasil podemos amenizar o problema, reduzindo a remessa de recursos para o exterior, gastos hoje com a compra de trigo, tendo como resultado uma economia mais fortalecida”, pondera o Presidente da ABAM, destacando que o benefício econômico da mistura oferece ganhos não somente aos panificadores, que vão comprar o produto final (farinha de trigo misturada com o amido/fécula de mandioca), mas, também, a outros integrantes da cadeia produtiva da mandioca.

O setor industrial ganha com a ampliação do mercado, o aumento da produção e a conseqüente manutenção ou aumento na oferta de emprego. O setor agrícola dos municípios produtores de mandioca lucra com a elevação do consumo de raiz, que requererá aumento da produção - para se obter um quilo de amido/fécula de mandioca são necessários quatro quilos de raiz. “Tudo isso repercutirá.em maiores oportunidades de emprego e renda no País”, ressalta o Presidente da ABAM.

O consumidor ganhará em qualidade de alimentação. Entre as vantagens está o fato de que o pãozinho feito com a mistura de trigo e amido/fécula de mandioca dura até seis horas a mais que o pão que utiliza apenas farinha de trigo. Além disso, o pãozinho fica mais crocante, com miolo mais branco e cheio, não ressecando de um dia para o outro. Outra vantagem é que o valor nutricional do pãozinho é preservado, pois o moinho estará, simplesmente, substituindo amido de trigo por amido de mandioca.

“Eu, como brasileiro, jamais iria ser favorável a se utilizar o amido de mandioca misturado à farinha se soubesse que isso provocaria qualquer mudança nas suas características nutricionais, ou que gerasse alteração no sabor do pão, que tirasse o gostinho do tradicional café da manhã de nossa população”, declara Teixeira.

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