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Geral

Fazer o bem

Evandro Pelarin* - 01 de outubro de 2013 - 07:19

Por que se faz o bem? Essa é uma questão intrigante. Pode ser Madre Tereza de Calcutá ou uma pessoa desconhecida e até anônima. Uma ou outra, o que a leva a ajudar o próximo? Dias desses, ouvi uma explicação que me parece bastante convincente.


Quem faz o bem, geralmente, está feliz. Só que a felicidade é incompatível com o individualismo. E não é possível mantê-la se o nosso semelhante passa fome, frio ou sede. Por isso que a pessoa feliz é solidária, pois a felicidade é um sentimento completo quando desfrutada por todos. Se há alguém fazendo o bem, tenha certeza que essa pessoa é feliz, muito feliz.


Alguns benemerentes preferem o anonimato; outros não se importam com a publicidade de suas ações. Nesse ponto, é comum recorrer a Mateus 6, 3: “... quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”. Desse modo, será que apenas o benfeitor anônimo está certo? A resposta é não.


O sentido desse ensinamento visa a impedir que a beneficência se torne palco para elevação moral do caridoso, como se ele fosse alguém melhor que os outros e, com isso, obtenha vantagens para ganhos pessoais. Fora isso, uma boa ação, de conhecimento público, não é ilegítima. Mesmo porque, e já que ela foi citada no início, como ficaria o exemplo de Madre Tereza? O conhecimento público de suas boas obras e o reconhecimento delas, com o prêmio Nobel da Paz, invalidariam o seu trabalho de dedicação à humanidade? A resposta, mais uma vez, é não.


A noção da caridade é muito antiga. Não nasceu do nada. E ela vem sendo aperfeiçoada ao longo do tempo. Não basta devoção a Deus e, no altruísmo, a circunspecção. Neste mundo assolado pelo mal é preciso que o bem se transponha, esteticamente, no plano exterior, para que as pessoas vejam o bem sendo realizado e nele e se inspirem, para que solidariedade seja um valor dominante. Aliás, segundo Mateus 5, 16: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus".


Se o benfeitor tem no coração uma armadilha, usando suas boas ações para alcançar benefícios próprios, certamente, ele não é uma pessoa feliz. Porque a felicidade que motiva as pessoas a fazer o bem, repita-se, não é individualista. Quem faz o bem, portanto, quer no anonimato quer à luz do mundo, só espera que o outro seja feliz.


- Evandro Pelarin* -

Juiz de Direito em Fernandópolis

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