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Fazenda de Itaquiraí se destaca pela alta produtividade

MS Noticias - 15 de julho de 2011 - 07:59

Aproximadamente 200 pessoas, entre agricultores, pecuaristas, agropecuaristas e assistentes técnicos de municípios do extremo sul de Mato Grosso do Sul, do Paraná e do Paraguai, inscreveram-se na 2ª edição do “Dia de Campo Integração Lavoura-Pecuária” em Itaquiraí/MS, nesta quarta-feira, 13 de julho, das 9 às 13 horas. A realização do evento foi uma iniciativa da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS), empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e da Cooperativa Agrícola Sul Matogrossense, Copasul, (Naviraí/MS), com apoio da Basf, Fertion, Monsanto, Matsuda e ILP.

Os participantes conheceram os resultados da implantação da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) na Fazenda Meio Século, pertencente ao pecuarista Edgar Tutida, que arrenda parte de sua propriedade para o agricultor Everaldo dos Reis desde 2000. Os dois produtores atuam em parceria com a ILP desde 2003 – dos 2600 hectares da fazenda, 292ha são para recria e terminação de gado de corte e 950ha para o cultivo de soja e milho safrinha.

A explicação para o bom desempenho na Fazenda Meio Século é que a ILP é um sistema mais vantajoso em relação à pecuária ou à agricultura realizada de forma isolada. O sistema integrado traz benefícios para as duas atividades e busca a reforma e recuperação das pastagens degradadas de uma propriedade, contribui para o aumento de matéria orgânica no solo, há diminuição de pragas e doenças e mais estabilidade de renda, já que se reduz os riscos inerentes a realização de uma atividade exclusiva.

Para o diretor vice-presidente da Copasul, Yoshihiro Hakamada, o dia de campo é um momento de se transferir conhecimento para que os produtores e assistentes técnicos apliquem a ILP. O chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Fernando Mendes Lamas, lembra que parcerias entre produtores são significativas para o desenvolvimento da região e do estado de MS. “A ILP é uma tecnologia que pode mudar a face dessa região e de MS. É uma alternativa disponível para aumentar a produção agrícola e melhorar a produção de carne, ou de leite dependendo do foco local”, disse.

Segundo Reis, o Dia de Campo da Fazenda Meio Século foi um momento de abrir a contabilidade da pecuária e da agricultura para mostrar os dados e chamar a atenção dos produtores. “Como somos uns dos primeiros a fazer ILP e consórcio, é interessante que os outros saibam o que deu certo e o que deu errado, para que eles possam seguir o melhor caminho”. Tutida completa: “Com planejamento, é possível obter excelentes resultados”.

Como na região de Itaquiraí, mais de 80% dos agricultores são arrendatários, a sugestão do gerente do departamento técnico da Copasul, Antonio José Meireles Flores Meireles, é que agricultores e pecuaristas façam parceria de ILP como Tutida e Reis.

Resultados

Um dos momentos mais esperados pelos participantes foi a apresentação dos ganhos obtidos pela parceria entre Tutida e Reis. Entre os dados, Meireles mostrou que antes da ILP, o gado de corte possuía um ganho e peso vivo de 380g/dia e após a ILP o peso passou para 813g/dia. A produtividade saltou de 6,0@/há para 19,8@/ha. “O principal fator de ganho de peso, 90%, é a pastagem e 10% é suplementação no inverno”, disse o pecuarista Tutida.

Na agricultura, os dados da safra de 2003/04 da Fazenda mostram que a produção foi de 49 sacas de soja por hectare. Na safra 2010/11, esse número saltou para 65 sacas de soja por hectare. A média das oito safras de soja é de 55 sacas/ha. Os números da safra de milho de 2003/04 foram de 65 sacas/ha. Em 2010/11, a safra do milho passou por três geadas e, apesar dos números não terem sido fechados, Meireles acredita que o balanço final deve ficar em torno de 65 sacas. Em condições normais, a produção na safra 2009/10 chegou a 103 sacas de milho por hectare.

Para se chegar a esses resultados, Meireles mostrou que, apesar das dificuldades enfrentadas para o pecuarista (aprender a produzir grãos, custo alto para implantação, riscos que a lavoura traz) e para o agricultor (alto investimento em animais, cercas, curral e água e aprender a produzir carne), os benefícios compensam: correção e aumento da fertilidade, mais conservação do solo, aumento da produtividade, diversificação de cultura e carne e estabilidade de renda.

Estações

Além da apresentação dos dados numéricos da Fazenda, os participantes também visitaram estações sobre consórcio milho-braquiária, forrageiras e agricultura de precisão.

Na primeira estação, o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS), Gessi Ceccon, apresentou os benefícios do consórcio milho com braquiária, como a produção de palha em quantidades e qualidade ideais para a cobertura do solo, protegendo o solo contra a erosão, os ganhos na produtividade da soja e o enriquecimento do solo por agregação de matéria orgânica gerada pela braquiária.

Outro fator enfatizado pelo pesquisador é a necessidade do produtor observar a qualidade das sementes, que contribui para o bom resultado do consórcio na produção de palha e de pasto. Sobre a semeadura, Ceccon observou que a profundidade entre 3 a 6cm é a mais indicada para semeaduras de outono inverno, por encontrar melhores condições de umidade.

Nessa mesma estação, outro pesquisador da unidade de pesquisa da Embrapa em Dourados, Luiz Armando Zago Machado, apresentou espécies de forrageiras para ILP e lembrou que a safrinha é um bom período para explorar os benefícios das forrageiras. “O agricultor pode semear a forrageira até 30 de março para formação de pastagem. Na formação, a mistura de milheto ou sorgo com as espécies perenes antecipa o primeiro pastejo. No final da estação seca, a suplementação ou o confinamento dos animais pode ser uma ferramenta importante caso haja falta de pasto”, disse.

De acordo com Zago, o capim Mombaça é o que mais produz na seca com boa qualidade, mas não desseca facilmente. É indicada para ILP com rotação de culturas e forrageiras acima de quatro anos. Se a rotação da lavoura com forrageira for de três anos, BRS Piatã e Marandu também são adequadas. Aruana e xaraés são indicadas para rotações de um ano e meio de pastejos ou apenas na safrinha.

Na Fazenda Meio Século, a rotação entre forrageiras e culturas de soja e milho safrinha é realizada a cada três anos. A área onde o pastejo é rotacionado foi dividida em seis piquetes em forma de pizza com 175 ha de mombaça e 120 ha de brizanta.

Outra estação foi sobre agricultura de precisão apresentada pelo engenheiro agrônomo Justino S. F. Ribeiro. “A agricultura de precisão é uma ferramenta assim como a ILP. A associação dessas duas tecnologias melhora a produtividade tanto da lavoura quanto da pecuária”, afirmou. No processo de agricultura de precisão, são realizadas a análise e o mapeamento de fertilidade do solo e, com um equipamento de taxa variável, é feita a correção de acordo com as necessidades. Na Fazenda Meio Século, por exemplo, um dos problemas observados, foi a necessidade de correção do alumínio. Segundo Ribeiro, com ILP e correção do alumínio, houve um incremento de seis a oito sacas na agricultura da fazenda, e a braquiária proporcionou o armazenamento de água e estabilidade na produção.

Para encerrar o Dia de Campo, os visitantes assistiram à palestra do pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás/GO), lotado na Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop/MT), Flávio Wruck. O pesquisador destacou que a recuperação de pastagens é feita por etapa. “É um processo que leva de cinco a seis anos. Não é de uma hora para outra.”

Outro fator levantado na palestra é a necessidade de se analisar vários elementos para escolha da lavoura e introdução da ILP, como a textura e a fertilidade do solo, a topografia da região e o mercado consumidor. Wruck enfatizou a necessidade de cooperação entre pecuaristas e agricultores para implantação da ILP. “É preciso sinergia para o fortalecimento da produção. E tecnologia não é máquina, é conhecimento. A alta tecnologia pode ser utilizada por qualquer produtor, independente de área”, disse.

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