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Famoso no Face por conta de 1 Halls, vendedor estranha reação diante da bondade

Ângela Kempfer, Campo Grande News - 18 de outubro de 2013 - 15:32

Elizeu em casa, tentando conversar com os novos amigos do Facebook.
Elizeu em casa, tentando conversar com os novos amigos do Facebook.

Desde quarta-feira, Elizeu Casimiro se diverte no Facebook recebendo elogios. “Tem um monte de janelinha aberta aqui, de gente que quer falar comigo, dar parabéns. Nem sei se meu Facebook vai comportar tantos amigos novos”, brinca depois de 1.5 mil solicitações de amizade em 2 dias. É tanta procura que só hoje, quase 24 horas depois do pedido, ele consegue responder as perguntas do Lado B.

A “fama” surgiu com a postagem de um desconhecido. Na terça-feira passada, Marcelo Lima descreveu na rede social um ato surpreendente na avaliação dele, em um daqueles dias em que qualquer gesto faz a diferença.

“Avistei um cadeirante com nome de Elizeu, veio até a janela do carro, abaixei o vidro, pensa um cara com alta estima lá encima,sorridente de bem com vida,veio me ofereceu goma de mascar e Halls preço apenas 1 real e eu realmente tava querendo comprar um Halls, disse para ele quero um Halls, abri a carteira para pagar, mas logo vi que eu não tinha um real,sem graça logo falei, meu amigo to precisando comprar o Halls mas não tenho 1 real você me desculpe vamos deixar para próxima, e ele todo sorridente e alegre me disse,amigo levo esse Halls ,estou todos os dia aqui, hora que tiver o dinheiro você passa aqui e me paga”, relatou na postagem já com mais de 20 mil compartilhamentos.

A confiança por R$ 1,00 foi o suficiente para transformar a noite de Marcelo. “Eu fiquei surpreso com atitude dele... Há pessoas que transformam o sol em uma simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol”, filosofa Marcelo no Facebook.

Para Elizeu, a surpresa maior foi tamanha reação das pessoas diante de uma atitude tão corriqueira na vida dele. “Faço isso sempre. Tem vezes que a pessoa está precisando e eu não vou negar uma bala. Mando levar, para pagar depois. Se a pessoa volta para pagar, eu aceito, mas é lucro, não fico esperando nada em troca”, conta.

A cadeira de rodas parece um detalhe insignificante. Quando começou a andar, perdeu os movimentos por conta da Paralisia Infantil. “Nunca andei, nunca tive outra vida, não sei como é ser diferente”.

Na roça, em Juti, ele e os nove irmãos foram criados em uma casa bem simples, em um cotidiano que se resumia a “comida e atenção”. Nunca foi tratado como alguém menos importante, por isso conseguiu estudar e depois conquistou um emprego bom em Campo Grande. “Era cobrador de ônibus. Fiz um monte de amigos nas linhas Rouxinóis e Moreninha /Shopping. Sempre gostei muito de conversar”, justifica.

Mas há 7 anos um tombo acabou com a tranquilidade. “Fui afastado, ganhei por um tempo auxílio do INSS, mas depois cortaram. Aí fiquei sem emprego e sem benefício”.

Foi uma época de poucas mãos estendidas e o sofrimento por não ter como ajudar a mãe e o irmão a sustentar a casa. “A maioria dos amigos te vira as costas quando você realmente precisa. Ali eu descobri como é importante a gente estender a mão”.

Hoje, a vida ainda é sacrificada. Elizeu tenta na Justiça aposentadoria ou o retorno do auxílio doença. Enquanto não consegue, de segunda a sábado vende doces das 15h às 20h no cruzamento da Rui Barbosa com a Fernando Corrêa da Costa. Só sai da avenida mais cedo, 3 vezes por semana, para treinar com o time de basquete na escola Joaquim Murtinho, mais uma prova de que a cadeira de rodas é um mero detalhe.

“Não mudo minha alegria, porque eu confio em Deus e nas pessoas. Para quem não sabe como viver assim, o único conselho que posso dar é: levante sempre a cabeça”, diz.

NR. O Cassilândianews foi o primeiro site a dar destaque ao comentário de Marcelo Lima em seu Face sobre Elizeu.

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