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Geral

Falta de chuva amplia risco de novo apagão elétrico

21 de setembro de 2007 - 15:56

O mau uso da energia e a escassez de chuvas aumentam as possibilidades da ocorrência de um novo racionamento de eletricidade em 2008, repetindo cenário vivido pela população em 2001. Essa afirmação foi feita pelo diretor-presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Paulo Mayon. "Toda energia elétrica que o País produz depende da quantidade de chuva ao ano", disse ao afirmar que o Brasil não precisa passar novamente por um racionamento, devido às várias maneiras de resolver a demanda de energia .

Para ele, o momento é de conscientizar grandes empresas e centros comerciais sobre a questão do uso racional de energia elétrica. Mayon entende que as populações mais carentes e menos informadas fizeram um bom dever de casa em 2001. "O momento agora é de mobilizar organizações particulares e governamentais sobre a importância do uso inteligente de água e energia", disse.

O engenheiro civil e consultor Humberto Viana garante que uma das opções para poupar as térmicas movidas a água é a construção de obras que geram energia por meio do gás natural. "É uma solução em curto prazo que supri a demanda momentânea de energia nos próximos anos", disse.

Em reuniões recentes com parlamentares, o governo tem afirmado que em algumas regiões há escassez de gás natural, o que inviabilizaria investimentos em obras de infra-estrutura, como gasodutos por exemplo.

O deputado federal Moreira Mendes (PPS-RO), que tenta convencer o governo a autorizar a construção do Gasoduto Urucu-Porto Velho, afirma é necessário que o problema seja resolvido imediatamente e que medidas sejam tomadas pelo governo federal para viabilizar a utilização desse combustível na geração de energia elétrica. "Não adianta pensar para daqui dois anos, o assunto está tomando proporções maiores e precisa de atenção agora", explicou.

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou recentemente, em parceria com o Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um estudo indicando que os reservatórios de água do Sudeste estão com 52% de sua capacidade. Pelo documento, caso não chova até o final do ano esse índice pode cair para 40% de suas capacidades.

Segundo Humberto Viana, se o Produto Interno Bruto (PIB) crescer na média de 5% como espera o governo, faltará energia. "As decisões tem de serem tomadas analisando sempre o fato de que amanhã não teremos mais luz", explicou Viana.

DEVER DE CASA – A mudança nos hábitos dos consumidores de energia não impediu o racionamento em 2001, de lá pra cá, a população manteve a economia. A dona de casa Otaviana Pires, 48 anos, comparou a população humilde com os grandes políticos. "Não consigo entender porque nos pedem para economizar, sendo que os responsáveis não resolvem o problema", disse ao lembrar que desde o primeiro apagão não mudou os hábitos.

"Troquei as lâmpadas e deixo os eletrodomésticos desligados na maior parte do tempo. Estou fazendo minha parte há seis anos, agora o governo precisa fazer por onde".

A recepcionista Jociane Oliveira, 30 anos, mora com mais sete pessoas e garante que todos fazem o uso inteligente de energia. "É impossível controlar oito pessoas dentro de uma casa, mas sabemos que o chuveiro é o vilão da conta de luz e nosso controle é feito dessa maneira. Menos tempo no banho desde 2001", disse.

Para ela, se o País tivesse uma alternativa mais barata de produção de energia elétrica seria a melhor opção. "O governo nos pede para economizar, mas ele mesmo não resolve o problema".

Na segunda quinzena de setembro o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), apresentou um plano para prevenir o racionamento de energia até 2011. O projeto prevê a necessidade de se ampliar o uso das termelétricas e aumentar o intercâmbio de energia térmica. O diretor-geral Hermes Chipp, disse durante entrevista para a Folha Online, que 2008 não haverá risco de racionamento, mas em 2009 será preciso mais atenção. "Depende da implantação dos procedimentos [do plano], do cronograma de expansão da Petrobras e de usinas de maior porte", afirmou.

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