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Exército prende capitão por dar entrevista

Folha Online/CBJr/Midiamax - 23 de janeiro de 2009 - 09:36

O capitão Luis Fernando Ribeiro de Sousa, que em entrevista à Folha em dezembro denunciou manobra do Exército de transferir militares que concorreram nas eleições municipais, foi detido pelo comando da unidade em que trabalha, em General Câmara (RS).

Segundo o advogado de Sousa, Vilmar Quizzeppi, a defesa não teve acesso às razões da detenção, publicadas em um boletim reservado. Desde a entrevista, em 28 de dezembro, o capitão havia sido vítima de quatro procedimentos de punição disciplinar. Sousa participa de um movimento que pretende eleger representantes que ajudem a tornar as Forças Armadas "mais democráticas".

Entre as demandas, estão mudanças no regimento disciplinar, para que sejam compatíveis com a Constituição de 1988. Quizzeppi disse ontem que vai entrar com pedido de habeas corpus, dificultado, segundo ele, pela falta da nota de punição e do boletim em que ela foi publicada --não informados pelo Exército à defesa, segundo o advogado.

Ele afirmou que seu cliente foi informado verbalmente que a punição tem a duração de 15 dias. Transferências O advogado, que atua em defesa de diversos militares, afirmou que é comum o Exército não cumprir a norma de entregar a nota de punição. "É uma ação intencional, que dificulta muito a defesa", disse.

Quizzeppi representa parte dos militares transferidos depois de terem concorrido a cargos eletivos em outubro. Ele diz que já conseguiu reverter uma das transferências depois de entrar com ação na Justiça.

Transferido para Lages (SC) depois de concorrer a vereador em União da Vitória (PR), o sargento Haroldo Alves de Lima espera há 40 dias por um recurso para permanecer na cidade. Mais do que se manter perto dos votos, ele alega estar no último ano do curso de direito. O procurador militar aposentado João Rodrigues Arruda, autor do livro "O Uso Político das Forças Armadas" e coordenador do Centro de Estudos de Direito Militar, afirma que é um direito dos militares questionar detenções e transferências.

Ele confirma que há uma ausência do direito de defesa na disciplina militar. "As autoridades [militares] têm inabilidade em tratar do assunto". Arruda acha que entrevistas com ataques à corporação não são uma boa forma de mudar as Forças Armadas. "Causam uma reação contrária muito forte". Mesmo assim, o procurador não concorda com o argumento de que militares optam pela carreira sabendo das restrições disciplinares.

"O fato de a pessoa saber que vai levar chibatada não legitima a chibata", diz. Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército, o Estatuto dos Militares (lei de 1980) estabelece o que é considerado transgressão disciplinar por parte de integrantes da ativa. Entre elas estão se manifestar, sem autorização, sobre assuntos político-partidários, provocar discussão na imprensa sobre temas políticos ou militares e publicação de fatos militares que causem desprestígio às Forças Armadas.

"Ao ingressar nas Forças Armadas, o militar tem de obedecer a normas disciplinares e a estritos princípios hierárquicos, que condicionam toda a sua vida pessoal e profissional", diz nota do Exército, afirmando ainda que age com "impessoalidade" e segue "rigorosamente os instrumentos legais".

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