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Exame determina dose correta de medicamento psquiátrico

Flávia Albuquerque , Agência Brasil - 18 de maio de 2009 - 08:06

São Paulo - Um exame que mostra como é o comportamento de duas enzimas responsáveis pelo controle do metabolismo e a distribuição de medicamentos pelo organismo ajuda a determinar a dose certa de remédios para cada paciente. O exame, que já existe no exterior, foi elaborado no Brasil pelo Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e promete revolucionar a área, além de ser o primeiro passo para o caminho da medicina personalizada.

O diretor do laboratório, Wagner Gattaz, explicou que o indivíduo pode ter três reações ao medicamento prescrito pelo médico: que o remédio faça bem e o paciente melhore; que o medicamento não faça efeito; e que melhore, mas sofra efeitos colaterais. Segundo ele, essas diferenças são geneticamente determinadas pelas enzimas CYP2D6 e CYP2C19, mapeadas pelo exame.

“O teste funciona com uma pequena amostra de sangue, mas é complexo, com vários passos, e é um procedimento de alta tecnologia. Como esse teste é feito aqui no nosso laboratório, conseguimos fazer um teste eficaz, exato, mas a um custo inferior ao que se comercializa no exterior. Ele permite classificar as pessoas entre aquelas que metabolizam normalmente os medicamentos, aquelas que metabolizam muito rápido e aquelas que metabolizam muito devagar”.

Gattaz afirmou que com o resultado do exame é possível orientar o médico a respeito da dose necessária para cada paciente, a chamada medicina personalizada, dedicada às características de cada um. “Pessoas que metabolizam muito rápido vão precisar de uma dose maior e o contrário, aquelas que têm o metabolismo lento podem ter a dose reduzida para filtrar os efeitos colaterais, deixando apenas os efeitos terapêuticos desejáveis no tratamento”.

O médico disse ainda que o teste já está sendo oferecido aos pacientes do instituto, mas por ser caro, ainda não é coberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Nossa esperança é de que em breve a utilidade desse teste seja reconhecida e que o SUS passe a cobrir seus custos. Isso permitirá que a grande massa da população possa usufruir desse progresso”.

Para o diretor do Departamento de Psiquiatria da Santa Casa de São Paulo, Sérgio Tamai, a utilização do exame no Brasil é muito positiva e importante, porque em pessoas diferentes as dosagens podem variar em até quatro vezes. Ele ressaltou que esse exame tem aplicação não só na área psiquiátrica, mas em outras.

“Importa o quanto a medicação fica circulando no sangue e atinge os órgãos. Isso porque a maior parte das drogas e medicações é eliminada pelo fígado em mais de 50% e a velocidade com que esses medicamentos são metabolizados é determinada pelos genes. Além disso, podemos pensar nos efeitos colaterais. É positivo ainda nos casos de medicações nas quais o efeito terapêutico está muito próximo do efeito tóxico”, afirmou.

O diretor adjunto da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia (Abre), José Alberto Orsi, contou que toma três medicamentos diferentes depois de sete anos tentando descobrir qual seria o melhor remédio e a dose mais adequada. “Não fiz nenhum teste até hoje e saber que existe esse tipo de teste me deixa surpreso. Eu faria esse teste, sem dúvida alguma. Apesar de ser caro, o custo que se tem de uma medicação não acertada supera muito qualquer valor de um exame”.


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