Por outro lado, pesquisadores ressaltam que os pacientes com câncer avançado apresentaram alta taxa de recorrência apesar da radioterapia adjuvante, sugerindo a necessidade de uma abordagem cirúrgica mais agressiva para a ressecção completa.



Pacientes com câncer em estágio inicial podem se beneficiar de intervenções cirúrgicas menos agressivas sem que isso resulte em morbidade ou mortalidade significativas, concluiu estudo publicado na edição de janeiro-fevereiro deste ano do American Journal of Otolaryngology. Segundo o artigo científico, embora nenhuma recorrência tenha ocorrido em pacientes com ressecção completa, com exceção de um caso com carcinoma adenóide cístico, aqueles com câncer avançado apresentaram alta taxa de recorrência apesar da radioterapia adjuvante, sugerindo a necessidade de uma abordagem cirúrgica mais agressiva para a ressecção completa.



A pesquisa teve como objetivo avaliar as modalidades de tratamento e os desfechos para tumores malignos do conduto auditivo externo dos casos atendidos no departamento de otorrinolaringologia do MacKay Memorial Hospital, em Taipei (Taiwan), e comparar os resultados obtidos com os apresentados por outros estudos. “O câncer primário do conduto auditivo externo é uma doença rara com um prognóstico ruim. Como esta é uma condição rara, não existe uma grande série de casos com estadiamento (estágio do tumor), tratamento e resultados”, explicam os autores Chang CH, Shu MT, Lee JC, Leu YS, Chen YC, Lee KS, todos ligados à hospital.



Para tanto, os pesquisadores revisaram retrospectivamente os pacientes tratados para câncer primário do conduto auditivo externo entre 1991 e 2002. Ao todo, foram incluídos neste estudo 10 homens e 2 mulheres, acompanhados por 56,5 meses em média. As intervenções incluíram ressecção do pavilhão, mastoidectomia radical ou ressecção lateral do osso temporal combinado com esvaziamento cervical ou parotidectomia. Além disso, foi realizada radioterapia adjuvante no caso de ressecção incompleta.



Os resultados mostraram que 10 pacientes apresentaram carcinoma de células escamosas e que dois tinham carcinoma adenóide cístico. Quanto ao estágio da doença, os pesquisadores identificaram que: cinco pacientes apresentavam doença estágio I; dois, estágio II; um, estágio III; quatro, estágio IV. “Todos os pacientes com doença em estágio inicial (I ou II, 7 indivíduos no total) se mostraram livres da doença, mas apenas um dos 5 pacientes com estágios avançados (III ou IV) ficou livre da doença”, afirmam os estudiosos.



De acordo com o artigo publicado, foram identificadas recorrências em 50% (2/4) dos pacientes com ressecção incompleta, apesar da radioterapia adjuvante, e apenas um paciente com ressecção completa apresentou recorrência, sendo o diagnóstico histológico deste um carcinoma adenóide cístico. “Os resultados de nosso instituto são comparáveis ou superiores àqueles de outros estudos na doença em estágio inicial”, ressaltam os pesquisadores no artigo.



Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)