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Estudo explica porque você deve fugir de restaurantes que servem porções grandes

Saúde Plena - 07 de outubro de 2015 - 16:30

Pela mesa, porções avantajadas de guarnições e do alimento principal divididas em cumbucas. No canto dela, um prato com tamanho também além do recomendado para ser preenchido. A combinação cada vez mais comum em restaurantes e nas cozinhas caseiras tem levado a pessoas a comer mais, alertam pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, em uma revisão que envolveu dados de 6.711 adultos e que foi publicada no jornal Cochrane Database of Systematic Reviews.

“Pode parecer óbvio que, quanto maior o tamanho da porção, mais as pessoas comem, mas, até esta revisão sistemática, a evidência para esse efeito tinha sido bem fragmentada, de modo que o quadro geral, até agora, tem sido pouco claro”, observa Gareth Hollands, coautor do estudo e pesquisador da Unidade de Comportamento e Pesquisa em Saúde da universidade britânica.

Segundo Hollands, há uma tendência de vincular o excesso de ingestão de comida e bebida a características pessoais, como o excesso de peso e a falta de autocontrole. Os resultados apresentados por ele e a equipe, porém, reforçam a necessidade de intervenções que estão além das decisões individuais. “Na verdade, a situação é muito mais complexa. Nossa pesquisa destaca a importância do papel das influências ambientais sobre o consumo alimentar. Facilitar com que as pessoas evitem as porções exageradas de comida ou bebida, reduzindo o tamanho delas em restaurantes, por exemplo, pode ser uma boa maneira de ajudá-las a diminuir o risco de comer demais.”

A estimativa dos pesquisadores é de que, reduzindo o tamanho das porções e dos talheres, haverá uma queda da média da energia diária consumida em até 29%. No caso dos adultos do Reino Unido, a diminuição pode variar de 12% a 16%, o equivalente a até 279kcal. Se forem norte-americanos, entre 22% a 29%, ou seja, até 527kcal diárias. A revisão, resultado da análise de 61 estudos, não detectou que os efeitos variavam substancialmente em relação ao sexo, ao índice de massa corporal, à suscetibilidade à fome ou à disposição para controlar o comportamento alimentar.

Medidas
Apesar dos efeitos sobre a saúde consideráveis, os autores reconhecem que a mudança de hábito não é simples, nem imediata. Por isso, sugerem medidas mais pontuais, a serem adotadas principalmente pelo setor alimentício. Entre elas, a redução do tamanho de pratos, talheres e copos, e a restrição da prática de redução de preços de produtos não nutritivos vendidos em pacotes de tamanhos maiores.

“No momento, para as pessoas, é muito fácil — e, muitas vezes, melhor financeiramente — comer ou beber demais”, ressalta Ian Shemilt, também coautor da revisão científica. A facilidade, porém, pode ter um preço alto. Comer em excesso, além de favorecer a obesidade, aumenta o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas, diabetes e cânceres, complicações que estão entre as principais causas de morte prematura.

Shemilt ressalta, porém, que não dá para mensurar qual a participação das porções e dos utensílios exagerados nessas enfermidades. Mas, pelos resultados atingidos, pode-se defender os benefícios globais dos ajustes no comportamento e nos talheres. “Nossa evidência é convincente de que as ações que reduzem o tamanho, a disponibilidade e o apelo a grandes doses de alimentos podem fazer a diferença. Esperamos que elas deem um novo impulso para as discussões sobre como isso pode ser alcançado em uma gama de setor público e nos ambientes comerciais.”

Falha hormonal
Divulgado em julho na revista Cell Reports, estudo da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, trouxe uma abordagem fisiológica para o descontrole na hora da alimentação. Em um experimento com ratos, os pesquisadores detectaram que o hábito pode estar ligado à baixa quantidade do hormônio GLP-1, produzido no intestino de humanos na presença de alimentos. Quando secretado, ele provoca o aumento da saciedade e, por consequência, a redução da ingestão de alimentos. Nos testes, quando o GLP-1 foi reduzido, as cobaias ficaram mais famintas. “Os ratos comeram além da necessidade de calorias e mostraram um aumento da preferência por alimentos ricos em gordura”, explicou Vincent Mirabella, participante do estudo, no artigo divulgado na publicação científica.

Risco cardíaco maior para mulheres com diabetes
Mulheres com diabetes devem ficar ainda mais atentas às complicações cardíacas desencadeadas pela doença metabólica. Uma revisão de estudos conduzido no Hospital of Southeast University, na China, com dados de 11 milhões de pessoas, indica que elas são em torno de 40% mais propensas a sofrerem de síndromes coronárias agudas, como ataque cardíaco ou angina, do que os homem diabéticos.

Essa diferença conforme o gênero do paciente ainda não havia sido mensurada cientificamente.O estudo inédito será apresentado hoje no encontro anual da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (EASD), em Estocolmo. Os pesquisadores consideraram estudos realizados em três continentes: cinco pesquisas da América do Norte, sete da Europa e seis na Ásia, incluindo países como Canadá, Estados Unidos, China e Alemanha. Ao analisar os dados, concluíram que o risco relativo de complicação cardíaca era de 2,46 para mulheres com diabetes e 1,68 para homens na mesma condição. Há um risco aumentando, portanto, de 38% para elas.

Xue Don, líder do estudo, ressalta que a constatação deve servir de base para o desenvolvimento de ações mais individualizadas de combate a ambas as complicações. “Devemos evitar o preconceito sexual na doença cardiovascular, tomar todas as medidas necessárias para diagnosticá-la precocemente e controlar os fatores de risco de forma abrangente, a fim de garantir os tratamentos mais adequados e os melhores resultados possíveis”, diz.

A abordagem focada em gênero é importante porque o diabetes costuma acometer mais as mulheres. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, 9 milhões de brasileiros têm a doença metabólica, sendo que 5,4 milhões são mulheres. O excesso de peso é um dos fatores para o desencadeamento do problema. E a obesidade também é maior entre elas. De acordo com o Ministério da Saúde, 18,2% das brasileiras são obesas, contra 17,9% dos homens.

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