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Estudantes que fizeram o Enem apontam soluções

Marina Domingos / ABr - 05 de julho de 2004 - 20:08

Os estudantes que fizeram a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem/2003) no ano passado, além de indicar causas da violência na sociedade, apontaram consequências e propuseram soluções para o problema. Como principal conseqüência, os jovens citaram a criação de uma sociedade paralela, que promove a privatização do mercado de segurança e isola a população pelo medo.

A prova foi aplicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, do Ministério da Educação (Inep/MEC), a mais de 1,2 milhão de estudantes e teve como tema: “A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?”. Cerca de 600 professores que corrigiram as provas extraíram os pontos em comum, traçando um quadro do que representa a violência para os alunos.

Segundo a socióloga Maria Stella Grossi, a sensação de medo tem relação direta com a privatização da segurança, porque quando as pessoas julgam que há essa sociedade paralela, há a intensificação do medo, da insegurança, de que o aparato judicial é ineficaz, conduzindo a idéia de privatização da segurança como um círculo vicioso. “Essa idéia de uma sociedade paralela do crime organizado já é resultado da paranóia e do medo”, destaca.

Para Stella, o medo causa nas pessoas a sensação de que precisam realizar sua própria segurança, que é uma segurança privada, levando inclusive à idéia de que é necessário fazer justiça com as próprias mãos. “Se o Estado não se encarrega, me encarrego eu. Me protegendo, estou protegendo meus interesses particulares, sejam eles, ou não, compatíveis com os interesses coletivos”, explica a especialista, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia.

Ela ressalta que a raiz da crença em uma sociedade paralela está na percepção de que a Justiça é ineficaz e não consegue dar conta dos problemas, gerando impunidade. Stella alerta para o fato de que a sociedade ainda está pautada em regras e leis e não há motivo para acreditar que existe um poder paralelo.

“Falar em sociedade paralela é tornar absoluto algo que ainda é relativo. Porque ainda vivemos num estado onde existem normas, existem leis conhecidas da maioria da população. Falando assim, até parece que existem sociedades nas quais não se conhece os termos de legislação e de comportamento”, avalia a especialista.

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