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Geral

Estiagem faz produtor renegociar 50% dos empréstimos

Fernanda Mathias / Campo Grande News - 19 de maio de 2005 - 15:18

David Majella
David Majella

Cerca de 50% dos recursos controlados para custeio da safra – aqueles que têm taxa de 8,75% a 10,75% ao ano – devem ser renegociados em Mato Grosso do Sul, segundo perspectiva da superintendência do Banco do Brasil com base na grande procura. Isso significa R$ 324 milhões, ou 318% a mais que na safra passada, quando foram renegociados cerca de R$ 77,5 milhões.

O gerente de agronegócios da superintendência, Loureno Budke, explica que desta vez os produtores estão ainda mais descapitalizados, por enfrentarem segunda quebra consecutiva. Além das perdas pela falta de chuva, outro fator importante é a desvalorização do câmbio, hoje oscilando entre R$ 2,45 a R$ 2,47 quando no momento da despesa com custeio da safra estava a R$ 3,10.

“O produtor deu uma apertada no cinto. Há um clima de insegurança e não se sabe se adianta esperar para vender o produto mais para frente ou não”, afirma.

Muitos produtores, segundo as corretoras de grãos, optaram por deixar o grão estocado nas próprias multinacionais à espera de reação de preços. O recebimento de pedidos de prorrogação prossegue. Em 70% dos casos eles vêm da região Sul do Estado, com destaque para Dourados.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam perda de R$ 1,3 milhão de toneladas de soja em Mato Grosso do Sul. O produto responde por 80% do crédito controlado tomado junto ao Banco do Brasil, ou seja, R$ 514 milhões. A prorrogação do vencimento pode ser para 3 ou 5 anos, dependendo do nível de perdas.

O banco exige que para que seja prorrogada a dívida o agricultor entregue o que é possível na produção penhorada, resguardando o direito que ficar com 20% do que for colhido. Esse índice é para os custos de pós-colheita e escoamento, uma forma de assegurar a atividade até nova safra.

Além dos recursos controlados os produtores também tomaram empréstimos pela CPR (Cédula do Produtor Rural), cerca de R$ 300 milhões, mas neste caso não há prorrogações e, segundo Budke, também não tem ocorrido problemas de inadimplência. A grande preocupação agora, segundo o gerente, é com os pequenos produtores.

“Essa questão está nos deixando de cabelo em pé. Embora haja movimento das lideranças políticas, não saiu extensão das medidas de socorro criadas para o Sul”, afirma.

Ele alerta que os vencimentos de parcelas já estão começando, boa parte a partir de 15 de junho. No Sul, pequenos poderão liquidar a dívida com abatimento de até R$ 650,00, dependendo do valor contratado. O atendimento é condicionado ao decreto de situação de emergência. Em Mato Grosso do Sul 47 municípios tiveram perdas severas com a seca, segundo a Defesa Civil.

Ontem o Ministério do Desenvolvimento Agrário assegurou a parlamentares de Mato Grosso do Sul a inclusão dos agricultores familiares do Estado nas medidas de proteção. O bolsa-estiagem deve ser distribuído a 31,6 mil famílias de pequenos agricultores, indígenas e quilombolas prejudicados pela seca prolongada.

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