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Especialistas afirmam que há cura para leucemia

Vera Morais - 21 de junho de 2004 - 19:29

Receber o diagnóstico de leucemia algumas décadas atrás era sinônimo de morte, por ser uma doença maligna dos glóbulos brancos (leucócitos) do sangue e de causa não conhecida, caracterizada pela grande acumulação de glóbulos brancos imaturos na medula óssea (células responsáveis pela formação do imunológico e do organismo). Quando ocorre o acúmulo destas células há um comprometimento na formação e no funcionamento de outras, pois essas células mal formadas e em grande número tomam o lugar das células sanguíneas normais, reduzindo sua quantidade na circulação. Com um número baixo dos elementos sanguíneos normais como hemácias e plaquetas (células responsáveis pela coagulação do sangue), o paciente fica vulnerável a infecções, anemia, hematomas, hemorragias, e até insuficiência de alguns órgãos. A doença acomete indivíduos de todas as idades e raças, entretanto mais de 50% dos casos ocorrem até os 20 anos de idade e cerca de 10-15% dos casos de leucemia aguda ocorrem na infância. Raro, porém, acima dos 80 anos. Verifica-se predomínio na raça branca e cerca de 60% dos casos são no sexo masculino e 40% no sexo feminino.



Felizmente, a evolução da medicina ampliou as chances de cura da doença com a quimioterapia e o transplante de medula óssea. Ainda assim, nem sempre esses procedimentos são bem sucedidos, pois em muitas ocasiões o paciente não resiste aos tratamentos ou não encontra um doador compatível para transplante. Em casos como este, pesquisadores descobriram que no sangue do cordão umbilical existe uma grande reserva de células-tronco, portadoras de um potencial de renovação capaz de substituir o transplante de medula óssea.

A biomedicina constatou a eficácia do sangue do cordão umbilical no tratamento da leucemia quando, ao implantar o material em alguns pacientes, as células cancerosas foram substituídas por outras completamente normais.



Além disso, estas células não comprometeram a integridade das saudáveis, ao contrário de técnicas como a quimioterapia, que destroem os elementos sanguíneos, e do transplante de medula, que se não funcionar, deixa o paciente sem componentes próprios para reagir e ainda há o risco de rejeição. Já com o transplante do sangue do cordão, ainda que o método venha a falhar, o paciente não corre risco de vida e nem há o risco de rejeição pois são células do próprio indivíduo.



“Uma vez implantado, o sangue do cordão umbilical se multiplica no organismo e substitui as células doentes em poucas semanas. Existem chances, inclusive, de que 100% dos agentes cancerosos sejam removidos. Neste caso, a cura pode ser visualizada”, explica o Dr Nelson Tatsui, hematologista e diretor da Criogênesis, primeiro banco privado de cordão umbilical do Brasil.



Apesar do sucesso, o que muitos não sabem é que, como no transplante da medula óssea, as chances de compatibilidade do sangue do cordão são mínimas, a reserva destas células podem ser utilizadas por outros membros da família que venham a ter a doença. “Para isso, é preciso colher o material de um recém-nascido a fim de mantê-lo armazenado para estas eventualidades, e o parto é a única oportunidade para que isso aconteça”, afirma o hematologista.



Para tanto, existem serviços privados que se dedicam exclusivamente à coleta e armazenamento do sangue do cordão umbilical, como é o caso da Criogênesis. “Os bancos públicos no Brasil ainda não disponibilizam de uma logística suficiente para garantir o transplante de cordão para qualquer pessoa. Seria necessária uma estocagem muito grande, já que, devido à alta miscigenação, as chances de compatibilidade entre as pessoas estão bem abaixo de 1%”, afirma o hematologista. Os bancos privados suprimem esta carência, garantindo às famílias que se disponibilizam a pagar pela manutenção do cordão de seu filho, uma chance a mais de cura em casos de leucemia.



Mas de que forma este material que anteriormente compunha o lixo hospitalar pode salvar uma pessoa leucêmica? Especialistas explicam que o sangue presente no cordão umbilical e na placenta, rico em células-tronco, possui poder de auto-regeneração e capacidade de gerar inúmeros tecidos do corpo. A cada dia, a possibilidade de que estas células possam curar não somente doenças imunológicas como a leucemia, mas também o Mal de Parkinson, diabetes e artrite reumatóide se torna mais evidente.



Desde 1988, foram realizados cerca de 2500 transplantes de sangue do cordão em pacientes leucêmicos. Tamanho foi o sucesso que, inúmeros países reúnem fundos para estocar o material, como é o caso dos EUA.

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