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Geral

Esclarecimentos sobre gripe

Agência Saúde - 11 de março de 2006 - 09:10

A imprensa brasileira tem noticiado, com regularidade, a situação da gripe aviária no mundo. O fato é positivo por levar o assunto para a população e divulgar informações importantes para seu esclarecimento. Para auxiliar nesse processo, o Ministério da Saúde vem esclarecer alguns pontos que têm sido apresentados de forma confusa em algumas reportagens.

O primeiro deles é a diferença entre gripe aviária, gripe sazonal e pandemia de gripe.

A gripe aviária é uma epizootia (epidemia em animais), causada por um subtipo do vírus influenza, o H5N1. Desde 2003, esse subtipo vem produzindo surtos em rebanhos de aves de vários países asiáticos e, recentemente, tem sido detectado também em países africanos e em aves selvagens de países europeus. Nesses últimos, não há comprometimento do rebanho, portanto, não existem, até o momento, focos de gripe aviária. A medida fundamental de controle após a detecção de qualquer ave contaminada é a rápida eliminação de aves num raio de 3 km para evitar a disseminação e controlar todas as aves num raio maior para propiciar o conhecimento precoce de novos focos.

O Brasil apresenta um risco relativamente baixo de apresentar casos de gripe aviária, quando comparado a outros países, porque não há focos em países vizinhos que poderiam servir de fonte de contaminação por meio das fronteiras, como ocorre na Ásia; porque não importamos aves para o consumo, ao contrário, somos um dos maiores exportadores do mundo; e porque as rotas fundamentais de aves migratórias para nosso país originam-se em regiões até aqui livres de contaminação do H5N1, diferentemente da Europa, que tem fluxos importantes de aves originárias da Ásia.

Apesar desse quadro, o Ministério da Agricultura já adotou medidas ainda mais restritivas para os materiais avícolas que importamos e elaborou um plano para a rápida adoção das medidas preconizadas, caso haja alguma detecção em aves no território brasileiro. O H5N1, eventualmente, tem infectado humanos produzindo um quadro grave e de alta letalidade. Até o momento, não há evidências de transmissão de pessoa a pessoa nem de contaminação por ingestão de ave, pois a temperatura atingida no processo de cocção é suficiente para inativar o vírus.

Assim, não há qualquer razão para se evitar o consumo apropriado de aves na alimentação, sequer na Europa, muito menos no Brasil, onde não se registrou nenhum caso de ave contaminada.

Não existe qualquer base científica em previsões sobre quando a gripe aviária chegará ao Brasil, nem tampouco existem medidas com fundamento técnico-científico e adequadas ao atual momento que não tenham sido adotadas ou que possam eliminar completamente qualquer possibilidade de ocorrer, futuramente, algum caso.



Gripe sazonal - A gripe sazonal é uma das infecções mais comuns no mundo, produzindo centenas de milhões de casos todos os anos, comumente levando apenas a alguns dias de absenteísmo ao trabalho ou escola, sem maiores conseqüências. Em idosos e outros grupos mais vulneráveis às complicações que podem se suceder a um episódio de gripe, como as pneumonias bacterianas, é recomendável a vacinação. O Brasil atingiu 86% de cobertura vacinal no grupo etário de maiores de 60 anos na última vacinação contra a influenza sazonal, em abril de 2005, um dos maiores índices do mundo.

A pandemia de gripe poderá ocorrer quando um novo subtipo de alta patogenicidade (como o H5N1) "aprender" a se transmitir de uma pessoa para outra, gerando condições de uma disseminação rápida e produção de casos graves. Esse acontecimento é absolutamente impossível de se prever quando e com que gravidade ocorrerá.

As três pandemias do século passado tiveram conseqüências absolutamente distintas: enquanto a "gripe espanhola" produziu um quadro dramático, as duas outras, a "gripe asiática" e a "gripe de Hong Kong", nas décadas de 50 e 60, respecitvamente, foram muito mais benignas, não chegando a produzir impacto sobre a saúde pública global, mas apenas em determinados países. O alerta feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) motivou que o Brasil elaborasse um Plano de Preparação, cuja segunda versão está publicada no portal www.saude.gov.br na internet.

As principais medidas previstas já se encontram em andamento: a vigilância epidemiológica foi reforçada com a constituição de uma rede de unidades sentinelas, 46 em todo o país, que colhem, continuamente, secreções de uma amostra das pessoas com síndrome gripal para identificação do vírus, além de ter sido realizado, em parceria com o Ministério da Agricultura e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), inquéritos sorológicos em todos os nove locais importantes de invernada de aves migratórias.

Foi adquirido um estoque de 9 milhões de tratamentos do medicamento Tamiflu para utilização tanto no tratamento de pessoas acometidas como no bloqueio da transmissão; e está sendo construída a primeira fábrica de vacinas contra a gripe fora dos países desenvolvidos. Enquanto essa fábrica fica pronta, o Ministério da Saúde adiantou recursos para que o Instituto Butantan tenha uma unidade pronta para fabricar as primeiras doses de uma vacina contra o H5N1 já a partir do próximo mês. Essas vacinas serão testadas e ficarão estocadas. Como a vacina contra a gripe é específica para cada subtipo, só será possível fabricar uma vacina seguramente eficaz contra a cepa pandêmica quando esta for conhecida, ou seja, quando (e se) iniciar-se a transmissão pessoa-a-pessoa.

O plano de preparação já está sendo submetido a simulações, como o realizado no início de fevereiro no Distrito Federal e em São Paulo, para testar as ações planejadas e aperfeiçoar continuamente o mesmo.

O Ministério da Saúde lidera um grupo interministerial, criado por decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em outubro do ano passado, que coordena as ações de várias pastas, como Agricultura, Defesa, Integração Nacional, Justiça, Relações Exteriores, Fazenda, Casa Civil, Gabinete de Segurança Institucional e Planejamento.

Há poucos dias, foi noticiado que a pandemia teria início em 18 meses, afirmação desprovida de qualquer base científica. Não há como fazer essa previsão.

Não há lentidão por parte das autoridades públicas na implementação de medidas de proteção da população contra o vírus. As medidas necessárias, como as citadas acima, têm sido tomadas oportunamente, sem economia de esforços ou restrições de recursos. Nenhuma ação tecnicamente fundamentada deixou de ser adotada.

Comparações entre velocidade das ações no Brasil e na Europa são completamente infundadas. A situação epidemiológica é absolutamente distinta, com os países da Europa tendo que realizar ações imediatas de contenção frente a casos de gripe aviária já detectados, além de terem fronteiras com países onde a gripe aviária está endemizada desde 2003, enquanto nós não temos nenhuma detecção de casos.

Como nenhum país do mundo está imune, estamos em alerta para uma possível chegada da gripe aviária ou, futuramente, de uma pandemia. Caso isso ocorra, os esforços serão para conter o vírus antes que se alastre.




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