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Entrevista: jornalista conta tudo sobre televisão

Bruna Girotto - 16 de dezembro de 2008 - 14:10

Para Cristiano, Cassilândia é pouco retratada na televisão por ficar longe da capital. Wagner Guimarães
Para Cristiano, Cassilândia é pouco retratada na televisão por ficar longe da capital. Wagner Guimarães

Cristiano Cupertino tem 30 anos, é jornalista, especialista em comunicação empresarial, mestre em meio ambiente e desenvolvimento regional, professor de telejornalismo e jornalismo rural na Uniderp/Anhangüera e diretor da TV Pantanal Uniderp.

Em entrevista exclusiva ao Cassilândia News, ele falou um pouco do telejornalismo, da formação do jornalista e sua visão de Cassilândia na mídia televisiva.

Cassilândia News - Como é o dia-a-dia de um jornalista que trabalha em TV?

Cristiano Cupertino - É uma rotina bastante agitada, principalmente, pra quem é repórter de rua. Geralmente, tem-se entre duas e três pautas pra cumprir em um período de cinco horas. A gente reclama que o tempo nunca é suficiente, mas é a realidade da maior parte das emissoras regionais. Sai de uma matéria pra outra escrevendo o texto e gravando o áudio no carro mesmo. Pra quem fica na redação a movimentação é diferente, mas nem por isso a rotina é mais calma. Diria que é pura adrenalina, muito gostoso pra quem tem isso no sangue ou é apaixonado pelo veículo. Pode parecer estressante, com muita pressão, mas a sensação de ver o telejornal no ar é indescritível.

Cassilândia News - Qual é a sua visão da televisão após o "boom" da internet?

Cristiano Cupertino - Acredito que a internet tenha vindo a somar. A disponibilização de conteúdo, como reportagens e programas inteiros, é muito importante para quem consome o "produto" notícia. Antigamente, e pregamos isso quando ensinamos aos futuros jornalistas, o texto televisivo tinha que ser o mais coloquial o possível, de fácil entendimento porque ao contrário do texto do impresso que pode ser lido novamente, a matéria de televisão não podia "voltar", ser re-exibida caso não tivesse sido compreendida. Hoje, com a internet, você pode rever matérias específicas e até mesmo o telejornal inteiro, algo muito bom e saudável até para aprimorar o conteúdo disponibilizado aos telespectadores. Creio que daqui a alguns anos devemos ter uma consolidação da convergência das mídias, principalmente, com a popularização da TV Digital.

Cassilândia News - O que é preciso para ser um bom jornalista de televisão?

Cristiano Cupertino – O principal é gostar de TV, mas não como um mero telespectador. É preciso senso crítico, capacidade de discernimento; pensar "o fazer televisão". As técnicas principais podem ser ensinadas: como se fazer um texto "arroz com feijão", uma abertura, passagem e até mesmo a entonação de voz para se gravar um off, mas pensar conteúdo, na forma, é algo para quem gosta do veículo.

Cassilândia News - Como é realizada a formação acadêmica nesta área?

Cristiano Cupertino – Na universidade onde leciono e, até nas demais, dá-se muita ênfase ao trabalho prático, na simulação de situações reais que possam aproximar o estudante da prática do mercado. Ao mesmo tempo, também se trabalha o conteúdo teórico que possibilita ao futuro profissional o estímulo e o desenvolvimento de um senso crítico, da capacidade de pensar em forma e conteúdo.

Cassilândia News - A Uniderp/Anhangüera utiliza-se de um canal de TV Universitária. Qual é a diferença do telejornalismo voltado aos universitários para um "Jornal Nacional"?

Cristiano Cupertino – Na verdade, dentro de uma televisão universitária trabalha-se toda uma programação variada que perpassa a execução de apenas um telejornal. Temos um produto noticioso que chega bem próximo da proposta de um telejornal, mas não é um telejornal tradicional, pois não utilizamos todos os mesmos elementos encontrados em um telejornal. Já em termos de conteúdo, ele é bem semelhante ao de produtos como o Jornal Nacional, pois trabalhamos reportagens factuais (poucas), frias, especiais e entrevistas. Digamos que a principal diferença esteja no tempo de duração das matérias. Tradicionalmente, num telejornal de rede aberta (como a Globo) as reportagens não têm duração média superior a um minuto e trinta, dois minutos. Como não temos essa preocupação com o tempo (traduz-se: anunciantes, afiliadas, etc.), as nossas reportagens tendem as ser mais longas e, em muitos casos, até mais completas porque a idéia é sempre trabalhar o assunto em questão de forma mais ampla, pois o objetivo nosso não é competir e sim, ser uma alternativa às demais.

Cassilândia News - Para ser jornalista, a pessoa tem de possuir algum perfil?

Cristiano Cupertino – Os que são contra a obrigatoriedade do diploma (questão ultrapassada, a meu ver) dizem que ter talento e/ou dom seriam pré-requisitos para se atuar na área. Pensando assim, essa máxima vale para qualquer profissão, mas trata-se de utopia imaginar que deveriam existir apenas profissionais com esse perfil. Agora, profissional da área que não sabe escrever - sem o domínio necessário da língua portuguesa - não gostar de ler, prefere uma vida calma com rotinas pré-estabelecidas e não gosta de estar perto das pessoas, das massas, não pode ser enquadrado como jornalista. Concorda?

Cassilândia News - Qual é a sua visão de Cassilândia e o Telejornalismo?

Cristiano Cupertino – Estive em Cassilândia pela última vez há quase dez anos, época em que ainda cursava a faculdade, mas a impressão que ficou e imagino ser próxima da realidade atual é de uma cidade com bastante potencial de desenvolvimento que apesar de estar localizada na região do bolsão é pouco retratada e vista nos telejornais de nosso estado. Talvez, a distância da capital seja um dos grandes empecilhos para a realização de uma quantidade maior de reportagens.

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