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Embrapa utiliza radiotransmissor para estudo de jacarés

Campo Grande News/ Marcio Breda - 30 de abril de 2010 - 16:47

Com o objetivo de conhecer o comportamento e a relação com o habitat, pesquisadores da Embrapa Pantanal iniciaram o acompanhamento de jacarés no Pantanal e em seu entorno utilizado a técnica da radiotelemetria. Trata-se do implante de radiotransmissor dentro da membrana que reveste internamente o abdômen do animal.

A técnica de radiotelemetria é usada para obter informações necessárias para conservar e manejar as espécies e também permite elucidar e revelar segredos da história de vida dos animais. No momento, um jacaré adulto da espécie Paleosuchus palpebrosus está sendo monitorado na região da Serra do Urucum, no entorno do Pantanal.

Porém, de 1989 a 1999, a Embrapa Pantanal já acompanhou 51 jacarés, Caiman crocodilus yacare, na região central do Pantanal, com o objetivo de determinar taxa de dispersão e comportamento de termorregulação.

Segundo a pesquisadora Zilca Campos, responsável pelos estudos, os jacarés são animais ectotérmicos, isto é, a temperatura corporal é controlada pelo ambiente. “Nós buscamos conhecer sua temperatura corporal e as relações com as temperaturas do ar e da água e o comportamento. Esse conhecimento ajudará a entender sua biologia e como eles se relacionam com o ambiente em que vivem. Em breve, novos indivíduos, jovens e adultos, serão monitorados com a técnica”, afirma.

Resultados - Segundo a pesquisadora, a temperatura corporal alta, em dias de verão, influencia no comportamento de alimentação, movimentação e reprodução. “Em dias mais frios, os jacarés precisam se aquecer pelo comportamento de exposição ao sol, para elevar sua temperatura acima da temperatura da água”, explica. O animal também pode permanecer imóvel, em buracos ou folhagens, esperando as temperaturas subirem.

Esse tipo de estudo já foi feito com o jacaré-do-Pantanal e recentemente vem sendo realizado com o jacaré-paguá, que vive no entorno do Pantanal em pequenos riachos e cabeceiras de rios que drenam o Pantanal. “Aparentemente, eles suportam temperaturas mais baixas do que os jacarés do Pantanal, muito em função das características do ambiente de águas mais frias e correntes”, disse Zilca.

A experiência com o uso da técnica da radiotelemetria permitiu concluir que o movimento tem um papel importante na vida dos jacarés. O movimento diurno pode ser para termorregular, e em longo prazo para dispersar entre habitats. “É possível também entender seu comportamento de estivação, quando o animal adota a estratégia de entocar em período de estresse hídrico, e em resposta a distúrbio no seu ambiente”, explica Zilca Campos.

O estudo também alerta para as ameaças antrópicas nos habitats dos jacarés, principalmente no entorno do Pantanal, que poderá refletir no estado de conservação das espécies.

Implante - Para implantar o radiotransmissor nos jacarés é feita uma cirurgia por veterinários adotando a técnica de resfriamento, isto é, abaixando a temperatura corporal do animal, em torno de 19ºC. Para isso, o jacaré adulto é colocado dentro do freezer por uma hora e depois recebe uma dose de anestésico local para, então, proceder a cirurgia.

Todo o procedimento é feito dentro da ética e respeito pelos animais, para que ele não sinta dor e não tenha sofrimento. (Com informações da Embrapa Pantanal).


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