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Em três anos, 25 mil meninas viraram mães no Estado

03 de outubro de 2008 - 16:04

Nos últimos três anos, 25.782 meninas entre 10 e 19 se tornaram mães em hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde) de Mato Grosso do Sul, mostram dados da Secretaria Estadual de Saúde. Isso corresponde a uma média diária de mais de 27 partos em crianças e adolescentes. Dessas mães de pouca idade, 1.396 sequer haviam atingido os 14 anos. O complicador desses números está em um dos seus fatores: a exploração sexual.

“O trabalho é árduo”, define a especialista Vera Lúcia Silva Ramos, gerente técnica do Programa Estadual de Saúde do Adolescente e do Jovem da Secretaria Estadual de Saúde. Ela se refere ao trabalho de redução da incidência de gravidez na adolescência e à melhoria das condições de saúde desse público. Parte das ações se concentra em lugar estratégico, as escolas. O Programa também está à frente do processo de criação de planos de ações municipais, chamados de “Planos Interestaduais de Atenção Integral a Adolescentes e Jovens (10 a 24 anos)”.

As ações são necessárias pela incidência dos casos de gravidez na adolescência e por suas conseqüências. Conforme números da secretaria, em 2006, o SUS realizou 9.822 partos em adolescentes, dos quais 531 em crianças com menos de 14 anos. Em 2007, foram executados 9.304 partos, sendo 521 em meninas menores de 14. Neste ano, de janeiro a setembro, 6.656 garotas estiveram em algum hospital do SUS para darem à luz filhos. Dessas mães-meninas, 344 ainda não tinham comemorado o 14º aniversário de vida.

“Um dos fatores desse índice alto de gravidez é a exploração sexual”, afirma Vera Lúcia. Apesar de não precisar a parcela de meninas grávidas em razão da exploração sexual, a especialista enfatiza que o problema aumenta a vulnerabilidade das adolescentes – ou seja, o crime de exploração deixa suas vítimas mais expostas a engrossarem as estatísticas de gravidez na adolescência.

Para amenizar o problema no estado, o Programa está implementando com os municípios os denominados “Planos Intersetoriais de Atenção Integral de Adolescentes e Jovens (10-24)”. Vera Lúcia afirma que esses planos começam a ser executados no início de 2009. As ações se concentram em prevenções, como informações sobre doenças sexualmente transmissíveis e uso de preservativos. O alvo não se restringe às meninas, mas se estende aos meninos e às famílias. O palco principal de atuação serão as escolas, onde alunos e professores colaborarão como multiplicadores.

Efeitos

A especialista cita estudo desenvolvido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) para tratar das conseqüências da gravidez precoce. Conforme o estudo, 25% das mães adolescentes do país abandonam a escola e 70% ficam desempregadas. Além desses efeitos sociais, as jovens mães podem incorrer em problemas de saúde.

“Essa questão é muito séria. As meninas saem da escola, ficam sem trabalho”, afirma, completando que a gravidez na adolescência acarreta conseqüências para a vida inteira. “As coisas só vão piorando”, diz, sem esconder o tom realista da observação.

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