Em duas semanas o preço da soja sofreu desvalorização de 24% na cotação de Mato Grosso do Sul, de R$ 50,00 aos R$ 38,00 com os quais o mercado abriu nesta segunda-feira. A queda brusca reflete basicamente dois fatores: as boas perspectivas da safra norte-americana, favorecida pelas condições climáticas e principalmente a freada da China nas importações, que alega problemas fitossaniários mas que analistas de mercado vêem como estratégia para renegociar os contratos do produto, agora em um valor mais baixo.
Diante disso, o governo federal deve anunciar amanhã as novas regras para exportação que, dentre as exigências, deve contemplar o rigor na separação de sementes e grãos, para evitar a contaminação e também para evitar as barreiras sanitárias ou argumentos para as comerciais.
O diretor da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) em Mato Grosso do Sul, Carlos Duppas, afirma que a iniciativa do governo é positiva a medida em que possa ser cumprida. “Se houver regras claras fica mais difícil de ocorrer esse tipo de problema para descompensação de preços”, diz.
Duppas afirma que para a próxima safra outro problema chama a atenção: a alta dos insumos. Só o adubo aumentou em 30% e os hebicidas devem acompanhar. Os custos e a capitalização do produtor devem ser determinantes para a continuidade do avanço, ou pelo menos manutenção, dos 400 mil hectares plantados com soja nesta safra sobre as áreas de pastagens. Hoje a cotação do boi gordo está na casa dos R$ 59,00 a R$ 60,00 e a perspectiva é que a reação ocorra somente após o segundo semestre, com a entrada dos confinadores no mercado.