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Geral

Eles trabalham enquanto você dorme

Bruna Girotto - 15 de maio de 2007 - 14:39

“Uma vez, durante a viagem um homem teve um infarto, vindo a falecer. Tive de parar o ônibus, e ligar para a perícia.” Esta trágica história foi contada pelo motorista de ônibus Luciano Paukouski, de 29 anos. No período em que a maioria da população de todas as cidades está indo descansar, uma outra parcela está se preparando para iniciar seus serviços. Estas pessoas são conhecidas como trabalhadores noturnos.

Eram quase 17 horas. O ônibus em que Luciano iria dirigir já estava com o motor ligado, a espera dos últimos passageiros. Mais um início de noite, e mais uma viagem. “Estou indo para Ivinhema, depois para Rondonópolis, Corumbá e Presidente Prudente”, informou Luciano. Há quase 10 anos ele trabalha como motorista, e disse que já presenciou alguns acidentes entre ônibus e caminhão. “Comigo nunca aconteceu.”

Ele trabalha de 12 a 20 horas em um dia, e descansa 11 horas no outro dia. “O segredo para não ter sono, é aproveitar o dia de folga, para descansar bem”, diz. Mas, quando o sono aperta, durante a viagem, ele toma um café ou uma coca-cola.

Conciliar o trabalho e a família não é uma tarefa fácil. Aquele rosto jovem, esconde uma tristeza, pelo fato de não poder, todos os dias, estar ao lado dos seus entes queridos. “Ah, é complicado ficar longe da família”, desabafa.
Despeço dele, desejando uma boa viagem. Ele agradece, e entra no ônibus. Mais um início de noite, e mais uma viagem.

Vida de taxista, assim como o motorista de ônibus, que trabalha no período da noite, também não é fácil. Encontro o senhor Fernando Manoel, de 50 anos, no ponto de Táxi da Rua Barão do Rio Branco, com a Rua Padre João Crippa, em Campo Grande (MS).

Ao iniciarmos nossa conversa, percebo o cansaço em seu rosto e seu corpo. O senhor Fernando, durante toda entrevista, manteve-se sentado, dentro de seu carro. “Trabalho 24 horas direto hoje. Amanhã descanso durante todo o dia” conta ele.

Há 10 anos, ele é motorista de táxi. É casado e têm filhos. O senhor Fernando já está acostumado com o trabalho à noite. “Quando dá vontade de cochilar, a gente cochila”, diz. Segundo ele, o movimento no período da noite é bem menor que durante o dia. “À noite faço, em média, de 5 a 6 corridas, enquanto que de dia atendo de 15 a 20”.

Este homem trabalhador, que através de suas corridas, dá o sustento a seus familiares disse que já se acostumou a trabalhar à noite, nunca recusando atender ninguém, não se importando para qual bairro levaria. O que é engraçado, diz ele, é quando entram pessoas e contam seus problemas, como se eu fosse psicólogo. “Eu não falo nada, fico só ouvindo.”

Terminamos nossa conversa, porque os dois táxis que estavam na frente do carro dele, já haviam saído. A próxima corrida seria a dele.

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