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Educação alimentar previne doenças em idosos

Agência Notisa - 26 de maio de 2005 - 07:28

Com o crescimento da população idosa no mundo todo, principalmente nos países em desenvolvimento, estratégias para melhorar a qualidade de vida e estimular o auto-cuidado nessa parcela da sociedade têm sido cada vez mais implementadas.

Os países em desenvolvimento têm apresentado, nos últimos anos, aumento significativo da população idosa. O Brasil não fica atrás nessas estatísticas e vem tentando reverter o quadro negativo que essa modificação rápida pode causar. Em artigo publicado na Revista de Nutrição de janeiro/fevereiro de 2005, a pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo - Ana Maria Cervato - e sua equipe concluem que o trabalho de educação nutricional nas Universidades Abertas para Terceira Idade (UATI) pode contribuir para isso.

Segundo o artigo, “esse envelhecimento populacional determina um substancial aumento, tanto nos recursos materiais e humanos necessários aos serviços de saúde do país, como nos seus custos, visto que, em geral, as doenças que acometem essa camada da população necessitam de tratamento por períodos prolongados e intervenções caras com alta tecnologia”. Uma das medidas que podem colaborar para a redução desses custos, sendo forma de prevenção para muitas das doenças que atingem essa parcela da população é, como mostram as autoras, a melhora da qualidade de vida desses idosos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) esses programas devem priorizar a nutrição.

Estudos epidemiológicos, clínicos e de intervenção mostram que a alimentação tem papel importante no processo de envelhecimento, estando associada inclusive ao surgimento de doenças crônicas não transmissíveis, como a diabete melito, distúrbios gastrointestinais, doenças cardíacas coronarianas, cérebro-vasculares, ósseas e de articulações. Nesse sentido, a educação nutricional, definida como “qualquer experiência de ensino desenvolvida para facilitar a adoção voluntária de comportamento alimentar ou outro relacionado à nutrição, com a finalidade de conduzir à situação de saúde e bem-estar”, vem ajudar na melhora da qualidade de vida dos idosos.

Na tentativa de verificar até que ponto essa orientação nutricional pode influenciar realmente os hábitos nutricionais de uma população fundamentalmente composta por idosos, a pesquisadora Ana Maria Cervato desenvolveu um trabalho com 44 alunos de Universidades Abertas para Terceira Idade de quatro instituições de São Paulo — Instituto de Educação Costa Braga, Pontifícia Universidade Católica, Faculdades Santana e Universidade São Judas Tadeu. A pesquisa mostrou que as duas aulas semanais de três horas cada contribuíram para aumentar o conhecimento dos alunos sobre noções de nutrição.

Questionários sobre a composição química dos alimentos, função dos nutrientes no organismo e características de uma dieta equilibrada, além de uma avaliação das mudanças ocorridas em variáveis de consumo alimentar como valor energético, cálcio, ferro, colesterol e vitamina A foram os métodos utilizados pela pesquisa para determinar se o trabalho desenvolvido nas UATIs estava tendo resultado positivo. A pontuação média desses questionários passou de 5,01, no início do curso, para 6,26 ao final do trabalho, aumento estatisticamente significativo. Melhora da saúde foi o motivo mais citado pelos alunos (68,6%) para justificar mudanças nos hábitos alimentares. A Universidade Aberta da Terceira Idade foi citada por 75,6% deles como sendo a principal fonte de informação para essa nova dieta.

As autoras lembram que “a educação nutricional é uma ferramenta que dá autonomia ao educando, para que ele possa assumir, com plena consciência, a responsabilidade pelos seus atos relacionados à alimentação” e que, a partir do momento em que o aluno adquire conhecimento sobre aquele tema, ele passa a refletir sobre sua real condição e a relação que pode haver entre ele e os alimentos: “ele passa de uma situação na qual sua conduta alimentar é determinada pelo condicionamento e pelo hábito repetido mecanicamente, para outra, na qual, compreendendo seu próprio corpo e aprendendo a ouvi-lo e observá-lo, passa a se tornar sujeito de sua conduta alimentar”.

Elas acreditam ainda que as Universidades Abertas da Terceira Idade podem contribuir efetivamente para uma re-educação alimentar desses idosos, e afirmam ser essa uma estratégia eficiente, capaz de preparar a sociedade para essa realidade que é um mundo, cada vez mais, composto por uma população idosa. Contudo, lembram que é preciso ”adequar o conteúdo das atividades às características dessa população, motivando-a para a participação cada vez mais efetiva no processo de auto-cuidado”.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)

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