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É meu aniversário e ele sequer me deu “bom dia”!

Crescer/ Por Gisela Wajskop - 23 de dezembro de 2014 - 16:05

Em 18 de dezembro, fiz aniversário. Acordei assustada antes das 7h, preocupada com meu filho Marcelo, que havia ido a uma balada de formatura do ensino médio. Combinamos que ele viria dormir em casa, mas não o escutei chegar. Como imaginei, seu quarto estava revirado, roupas e computador pelo chão, tal e qual ele o havia deixado na noite anterior. Enviei torpedo, mas não tive resposta. Esperei um pouco, liguei. Depois de algumas tentativas, ele atendeu alegre, com barulho de jovens ao fundo, meio sem jeito de atender à mãe àquela hora da manhã, na frente dos meninos e das meninas. Mas que eu não me preocupasse: a turma estava no metrô, voltando da farra. Ainda demoraria, pois passariam numa padaria para forrar o estômago antes de mergulhar no merecido sono profundo de um jovem formado, em férias!

Mesmo assim, continuei atormentada! Angustiada! Irritada! É meu aniversário e ele sequer me deu “bom dia”! Reclamei ao marido, que se virou de lado e continuou o que fazia. Arrumei-me, saí para comprar pão e passei na banca para pegar o jornal. Li algumas manchetes, escolhi revistas de moda, buscando passar o tempo para voltar para casa. Escutei um assobio, virei-me: lá está ele, saltitante, feliz, por mais uma farra merecida! Não me contive: soltei os cachorros, reclamei, cobrei, inquiri, listei uma infindável quantia de quase todas as obrigações de filho que imaginei naquela hora ser de sua responsabilidade filial. Desfiei todos os riscos, perigos, problemas que a cidade apresenta para jovens em sua vida noturna! Ele bufou, apressou o passo e andou na frente para chegar logo, tomar banho e mergulhar na escuridão sonhada!

Em casa de volta, sentei no sofá da sala e chorei: aos poucos, fui me acalmando e tomando consciência do acontecido: “Hoje faço aniversário”, pensei. Eu só queria um pouco de atenção! Mas ele é jovem e eu sou sua mãe, um fardo ainda difícil de compartilhar no alto de seus 17 anos. Esperei o dia passar, fiz coisas gostosas, aproveitei o meu dia! Mais tarde, entrei no quarto e lá estava Marcelo acordando. Dei-lhe um beijo, pedi desculpas. Obrigada, filho, por estar vivo, feliz, alegre e cheio de energia para compartilhar com seus amigos. Obrigada por não dar atenção às minhas aflições de mãe! Obrigada por não me levar a sério! Obrigada pelo meu presente de aniversário: continue a ser meu filho! Eu fiz aniversário!

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