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Dourados contesta secretário de Saúde sobre epicentro da covid

Comitê local diz que maior número de casos do Estado é devido à testagem em massa e aponta baixo índice de ocupação de leitos

Campo Grande News - 02 de junho de 2020 - 17:10

Dourados contesta secretário de Saúde sobre epicentro da covid

O Comitê de Gerenciamento de Crise da Covid-19, formado por representantes da saúde pública e da prefeitura, rebateu o secretário estadual de Saúde Geraldo Resende, que nesta terça-feira (2) afirmou que Dourados passou a ser o epicentro do novo coronavírus em Mato Grosso do Sul. Com mais 33 positivos nas últimas 24 horas, a segunda maior cidade do Estado se tornou “campeã” em casos confirmados, com 339 – 22 a mais que a Capital.

“Dourados rebate essa afirmação. Mostramos com dados técnicos o motivo do aumento dos casos. O número é crescente, é verdade, é superior a outros municípios, mas isso é fruto da testagem em massa”, afirmou o assessor especial da prefeitura Alexandre Mantovani em transmissão ao vivo nas redes sociais. Atual presidente da Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ele representa a prefeita Délia Razuk (PTB) no comitê.

“Dourados optou mais uma vez por não esconder os dados e tem feito testagem em massa, por isso o número de contaminados, mas isso é importante para colocar essas pessoas em isolamento e em tratamento, quando necessário”, completou.

Porta-voz do comitê, o médico Frederico Oliveira Weissinger também rebateu a condição de epicentro do vírus. “Nosso foco maior é a testagem, estamos testando mais, temos mais casos positivos, sim, porém com baixo índice de internação, baixo índice de letalidade, alta taxa de infectados em isolamento domiciliar”. Dourados tem duas mortes por covid-19 – caminhoneiro que morava na cidade e morreu em Tocantins, em abril, e a venezuelana de 27 anos que morreu sexta-feira (29).

De acordo com o boletim do comitê local, até agora foram feitos 1.586 testes em Dourados, sendo 716 deles no drive thru e 353 na reserva indígena, onde 62 deram positivos, mas o número de infectados nas aldeias parou de crescer nos últimos dias.

Dos 339 infectados no município, segundo o comitê, 110 estão recuperados, 215 cumprem isolamento domiciliar e 14 estão internados, sendo oito em leitos de enfermaria e seis em leitos de UTI. “Tivemos 32 casos novos no perímetro urbano e nenhum caso novo nas aldeias, o que demonstra que a transmissão viral foi interrompida na reserva”, afirmou Frederico. Segundo ele, Dourados tem atualmente 229 casos ativos.

Nesta terça, Geraldo Resende afirmou que dos 65 pacientes com covid-19 em MS, 44 estão internados em Dourados.

Lockdown descartado – Mesmo com o crescimento dos casos positivos nos últimos dias, o comitê local afastou, por ora, qualquer possibilidade de lockdown – fechamento total dos setores produtivos para forçar a população a ficar em casa.

“Dourados não fala em lockdown neste momento porque um dos motivos seria o congestionamento do sistema de saúde, o que não acontece”, afirmou Mantovani. “Dourados tem superado a maioria dos municípios em testes. Testar é necessário, não adianta tapar o sol com a peneira. Se Dourados não estivesse preocupada, não testaria e aí os números não apareceriam, ou seriam maquiados”.

O médico Frederico Weissinger também descarta o fechamento total. “Não falamos em lockdown porque é reduzida a nossa taxa de ocupação [de leitos]. Se for contar com base no número absoluto de casos, temos ocupação de leitos de 4%. Se considerar só os casos ativos, o percentual vai para 6,1%, muito abaixo da média nacional”.

“O aumento dos casos ocorre porque aumentamos as testagens. Quando se identifica um paciente, mesmo assintomático, como caso positivo, ele é retirado da cadeia de transmissão, impedindo que o vírus se espalhe ainda mais”, disse o médico.

Segundo ele, a grande maioria dos infectados faz parte dos grupos com idades entre 20 a 49 anos. “É a população economicamente ativa, pessoas que precisam trabalhar ou que não fazem isolamento”.

Frederico disse que o lockdown não pode ser decisão intempestiva. “Tem que seguir critérios, ser bem estudada, não é chegar e falar ‘vamos fechar tudo’. Não é a hora neste momento. O comitê não considera a medida agora”, disse o porta-voz.

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